O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o combate adequado ao financiamento do crime organizado exige “asfixiar as fontes de financiamento”. A declaração foi dada durante coletiva de imprensa sobre os resultados finais da Operação Fronteira da Receita Federal nesta sexta-feira, 31 de Outubro.
Haddad argumentou que não basta apenas o combate territorial ou o cumprimento de mandados. “Nós temos que entrar por cima, combatendo e asfixiando o financiamento do crime organizado”, afirmou.
“Não adianta só o chão de fábrica, nós precisamos chegar nos CEOs. Os CEOs do crime organizado precisam pagar também pelo que fazem. Se não chegar na gerência, na diretoria, no CEO, você terá esse dinheiro voltando a abastecer o crime organizado”, ressaltou o ministro.
A fala do titular da Fazenda ocorre na mesma semana da Operação Contenção, no Rio de Janeiro, que terminou com a morte de mais de uma centena de pessoas, gerando críticas e repercussão internacional. Haddad defendeu que combater apenas dentro das comunidades é ineficaz se o comando do crime não for atingido.
Apelo sobre devedor contumaz
O ministro fez um apelo ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para que o PL, partido do governador, aprove a lei do devedor contumaz. Essa lei tornaria mais rígidas as regras contra aqueles que usam a inadimplência fiscal como estratégia de negócio.
Segundo Haddad, muitos desses devedores contumazes no país estão ligados à criminalidade no Rio de Janeiro. “O devedor contumaz é uma palavra chique para falar do sonegador. E, por trás do sonegador, o que tem na verdade é o crime organizado”, destacou. Ele explicou que o devedor contumaz é um tipo de sonegador que usa estratégias jurídicas para lavar dinheiro em supostas atividades lícitas.
Para reforçar o combate ao financiamento do crime organizado, a Receita Federal publicou uma portaria que obriga fundos a divulgarem os CPFs dos beneficiários, o que aumentará o poder fiscalizador para identificar laranjas.
Resultados da Operação Fronteira
Durante a entrevista, Haddad apresentou os resultados da Operação Fronteira da Receita Federal, realizada em 60 municípios de 20 estados. A operação, concluída hoje, apreendeu mais de R$ 160 milhões em mercadorias ilegais.
O ministro destacou a importância da parceria federativa, sem registro de mortes ou tiroteios na ação. “Isso foi feito com a ajuda dos governadores […] sem olhar para partido político de quem quer que seja, fazendo com que os órgãos de estado trabalhassem cooperativamente nas regiões de fronteira”, disse. A operação prendeu 27 pessoas e apreendeu mais de mil armas do crime organizado, além de 3 toneladas de drogas e 213 mil litros de bebida adulterada.









































