O icônico símbolo de três listras da Adidas, reconhecido mundialmente como marca do esporte e da moda urbana, tem se tornado motivo de preocupação em cidades brasileiras. Em locais como Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ), o uso de peças da marca passou a ser interpretado por facções criminosas como uma forma de identificação entre grupos rivais.
De acordo com o jornal Correio 24 Horas, um comerciante de Salvador relatou ter sido ameaçado por usar uma camisa da Adidas.
“Ele disse: ‘aí é três e aqui nós somos dois. Cuidado’. Troquei e voltei a trabalhar. Me senti ameaçado”, contou o homem, que preferiu não se identificar.
A expressão “três” estaria ligada ao Bonde do Maluco (BDM), enquanto o “dois” faria referência ao Comando Vermelho (CV) — facções rivais que atuam em bairros distintos da capital baiana.
Casos também no Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, relatos apontam que o símbolo das três listras também teria sido associado ao Terceiro Comando Puro (TCP). A situação levou moradores de comunidades a evitarem o uso de roupas, bonés e calçados da marca, temendo represálias em áreas dominadas por facções inimigas.
O detalhe das três listras, presente em tênis, camisetas, jaquetas e calças esportivas, acabou se transformando em um marcador visual de risco em determinadas regiões.
Moda, símbolos e violência
Episódios semelhantes têm se repetido em outras partes do país. Em 2024, um jovem de 18 anos foi assassinado após usar uma camisa com o personagem Mickey Mouse, símbolo relacionado à facção A Tropa, segundo investigações da época.
Especialistas em segurança pública alertam que a apropriação de símbolos da moda por organizações criminosas cria um cenário de medo e confusão, impactando o cotidiano de moradores e comerciantes.