A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realiza nesta segunda-feira, 20 de outubro de 2025, a partir das 16h, dois importantes depoimentos sobre os descontos irregulares de aposentados e pensionistas. Os parlamentares buscam esclarecer falhas estruturais e um esquema de fraudes que envolve mais de R$ 1,1 bilhão.
Serão ouvidos Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), e Tonia Andrea Inocentini Galleti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS).
Ex-dirigente investigado por desvios bilionários
Felipe Macedo Gomes foi convocado por sete requerimentos. O senador Fabiano Contarato (PT-ES), um dos autores da convocação, aponta que o ex-presidente da associação foi identificado em investigações da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU) como um dos operadores do esquema de fraudes.
Segundo o senador, entre 2022 e 2024, Felipe Gomes teria movimentado mais de R$ 1,1 bilhão por meio de descontos indevidos em benefícios previdenciários. Contarato afirma que a ABCB foi autorizada a descontar até $2,5% dos benefícios em 2022.
O parlamentar ressalta que a associação executou cobranças que atingiram milhares de beneficiários, muitas vezes sem vínculo ou autorização expressa de filiação. Há indícios de que a entidade funcionou como fachada para operações financeiras irregulares.
Omissões e falhas estruturais
A ex-integrante do CNPS, Tonia Andrea Inocentini Galleti, deverá explicar o que impediu suas denúncias e pedidos de regulamentação dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) firmados com associações e sindicatos.
A oitiva de Galleti atende a cinco requerimentos, incluindo o do senador Izalci Lucas (PL-DF), que argumenta ser fundamental investigar as falhas estruturais e as “omissões deliberadas” que podem ter ocorrido no epicentro decisório do sistema.
Ex-presidente do INSS usou habeas corpus
Na semana passada, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, esteve na CPMI, mas se negou a responder às perguntas do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
A negativa foi amparada por um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe deu o direito de não responder a questões que pudessem incriminá-lo. Apesar disso, Stefanutto elogiou o trabalho dos servidores do INSS, destacando as ações de auditoria para investigar os descontos associativos.