Organizações e movimentos da sociedade civil apresentaram nesta quinta-feira (16) um documento com seis eixos de ação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém em novembro de 2025. O material, resultado de debates em Brasília no evento “O Caminho para Belém”, alerta que é urgente limitar o aquecimento global a 1,5°C, e que o tempo para agir está se esgotando.
O texto entregue à presidência brasileira da COP30 pede que a conferência entregue resultados consistentes em todos os seus pilares. O objetivo é aumentar a ambição da ação climática e restaurar a confiança na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC).
Anna Cárcamo, especialista em política climática do Greenpeace Brasil, enfatizou a importância do evento na Amazônia: “A primeira COP da Amazônia tem a oportunidade de deter e reverter o desmatamento até 2030 e ampliar o financiamento climático público. A conferência deve dar uma resposta firme à lacuna de ambição das NDCs”.
Eixos prioritários para a Conferência de Belém
O documento propõe um pacote de negociação e político dividido nos seguintes seis eixos para nortear os resultados da COP30:
Redução das emissões com equidade: Criar mecanismos para que os países assumam cortes significativos de gases de efeito estufa ainda nesta década, em linha com a meta de 1,5°C.
Transição energética justa: Definir um calendário global de transição para longe dos combustíveis fósseis, conforme previsto na Contribuição Nacional Determinada (NDC) do Brasil.
Mecanismo global para transições justas: Coordenar apoio técnico, financeiro e tecnológico entre nações para evitar o aumento das desigualdades.
Pacote de adaptação climática: Concluir o Marco UAE–Belém para Resiliência Climática Global e assegurar a inclusão de povos indígenas, quilombolas, comunidades locais e periferias urbanas nas decisões.
Sinergias entre clima e natureza: Adotar um plano concreto para eliminar o desmatamento e a degradação florestal até 2030, o que deve incluir financiamento e o conhecimento dos povos tradicionais.
Financiamento climático ambicioso: Construir um Roteiro Baku-Belém que garanta recursos novos, públicos e previsíveis dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento.
Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, destacou o risco da falta de planejamento financeiro: “Não há resiliência possível sem previsibilidade no financiamento da adaptação climática. Sem uma meta clara, cairemos num abismo já no próximo ano”.
O evento que gerou o documento contou com a participação de representantes internacionais e especialistas, incluindo Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas. A iniciativa foi organizada por entidades como Greenpeace, Instituto Talanoa e Observatório do Clima.