Dar remédio para um animal de estimação é uma das tarefas mais delicadas do cotidiano de quem convive com cães e gatos. O desafio, comum em lares e clínicas veterinárias, exige estratégias que garantam a administração correta do medicamento sem causar estresse ou resistência no animal. Com técnicas adequadas e orientação profissional, o momento pode se tornar mais seguro e eficaz tanto para o tutor quanto para o pet.
A dificuldade em oferecer um comprimido ou um líquido está relacionada à forma como os animais percebem sabores e odores. O uso de alimentos para disfarçar o remédio, o emprego de aplicadores específicos e o reforço positivo são algumas das práticas indicadas por veterinários para facilitar o processo. Antes de qualquer tentativa, é essencial seguir as recomendações do profissional responsável pelo tratamento, especialmente porque alterar a forma de administração pode comprometer a eficácia da medicação.
A primeira orientação é nunca modificar a apresentação do remédio sem consultar o veterinário. Esmagar, dividir ou misturar comprimidos e cápsulas na comida pode interferir na absorção ou transformar o sabor, tornando a experiência ainda mais difícil. Outro ponto importante é associar o momento da medicação a algo positivo. Oferecer petiscos, elogiar o animal e manter a calma ajudam a criar um ambiente menos tenso. Essa relação de confiança contribui para que o pet aceite o procedimento com mais naturalidade.

Nos casos em que o medicamento é em comprimido ou cápsula, uma das táticas mais utilizadas é escondê-lo em alimentos atrativos. Para cães, salsichas, queijos cremosos, patês específicos e até manteiga de amendoim — desde que sem xilitol — costumam funcionar bem. Já para gatos, o atum e os petiscos macios são alternativas recomendadas. A estratégia pode ser feita em três etapas: oferecer um petisco sem o remédio, em seguida o que contém o comprimido e, por último, outro sem o medicamento, evitando que o animal desconfie.
Quando o disfarce alimentar não é suficiente, o aplicador de comprimidos, também conhecido como pílula, é uma ferramenta útil. O dispositivo permite inserir o medicamento no fundo da boca do animal, de forma rápida e precisa, reduzindo o risco de acidentes. O tutor pode solicitar ao veterinário uma demonstração para aprender o método correto de uso.
A administração manual é indicada apenas em último caso. Para cães, a técnica consiste em segurar o focinho, inclinar a cabeça e colocar o comprimido no fundo da língua, fechando a boca e massageando a garganta até que ele engula. Nos gatos, recomenda-se envolver o corpo em uma toalha e adotar o mesmo procedimento, com cuidado redobrado. Soprar levemente o nariz ou massagear o pescoço estimula a deglutição.
No caso dos medicamentos líquidos, o uso de seringa (sem agulha) é o método mais comum. A dose deve ser colocada na lateral da boca, entre os dentes e as bochechas, e aplicada lentamente, direcionando o líquido para o interior da cavidade bucal. Após a aplicação, manter a cabeça do pet levemente erguida ajuda na deglutição. Outra opção é misturar o remédio a uma pequena porção de ração úmida, garantindo que o animal consuma tudo de uma vez.
Alguns animais, especialmente os mais ariscos, exigem cuidados adicionais. Nesses casos, recorrer a farmácias de manipulação pode ser uma alternativa eficaz. Esses estabelecimentos podem preparar os medicamentos em formatos mais palatáveis, como biscoitos, pastas ou líquidos com sabores agradáveis ao paladar animal, como frango, carne ou peixe.
Em situações mais complexas, é recomendável contar com a ajuda de outra pessoa para conter o animal com segurança, sempre de maneira tranquila e sem forçar. A paciência e a repetição das técnicas são fatores determinantes para o sucesso do tratamento. Mais do que administrar o remédio, o objetivo é preservar o bem-estar do pet e garantir que a medicação cumpra seu papel de forma correta e sem traumas.