Nesta quarta-feira (15), data em que se celebra o Dia Internacional das Mulheres Rurais — criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) há 30 anos —, a ONU Mulheres divulgou uma declaração pedindo ações mais ousadas para promover a igualdade e o empoderamento das mulheres que vivem no campo.
A instituição destacou o papel essencial desse grupo, afirmando que “todos os dias, elas alimentam comunidades, protegem o meio ambiente e impulsionam o desenvolvimento sustentável. Investir nelas é um ato de justiça e uma salvaguarda para o nosso futuro compartilhado”.
O alerta da ONU é que, se as tendências atuais persistirem, 351 milhões de mulheres e meninas ainda viverão em extrema pobreza até 2030, sendo as áreas rurais as mais afetadas pela pobreza e insegurança alimentar.
Desafios no Brasil
No Brasil, as mulheres representam cerca de 30% da força de trabalho rural e comandam 20% dos empreendimentos, segundo o Censo Agropecuário de 2017. No entanto, enfrentam grave informalidade e desigualdade:
Informalidade: Quase metade (48%) das trabalhadoras rurais não têm vínculo formal, o que impede o acesso a benefícios como licença-maternidade e aposentadoria.
Desigualdade Salarial: As mulheres ganham 20% menos que os homens em funções equivalentes.
Outras Dificuldades: Acesso limitado a crédito e políticas públicas, exposição a agrotóxicos e falta de infraestrutura básica nas propriedades.
A auditora-fiscal do Trabalho Alessandra Bambirra defendeu que valorizar o trabalho feminino no campo é crucial para “garantir direitos, combater a informalidade e fortalecer o protagonismo econômico, social e político dessas mulheres”.
Políticas Públicas e Protagonismo
O Ministério das Mulheres aproveitou a data para destacar o fortalecimento de políticas públicas que visam a autonomia econômica das mulheres do campo. Entre as ações, está o Fórum Nacional Permanente de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres do Campo, da Floresta e das Águas, que elabora estratégias integradas.
O ministério também tem atuado para ampliar a presença feminina nas discussões e decisões sobre o enfrentamento à crise climática, com foco nas políticas para mulheres rurais no âmbito da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que será realizada em Belém, em novembro.
Persistência e dedicação
Exemplos de produtoras rurais mostram a persistência feminina diante dos desafios, como o acesso a recursos. Sônia Maria de Abreu, produtora em Perolândia (GO) e ligada à Atuap, cultiva soja, milho e mandioca. Ela destacou a persistência como uma força feminina: “Meu marido tentou por 3 anos tomar crédito junto ao banco, até que eu tomei frente e disse que não iria desistir até conseguir.”
Na Amazônia, Ediana Capich, de Novo Horizonte do Oeste (RO), representa a terceira geração de sua família dedicada ao café robusta amazônico. Ela participa de todas as etapas da produção e ressalta a dedicação feminina. “Temos habilidades e visão com mais precisão, somos dedicadas e isso traz bons resultados. Mas ainda desejo que nosso trabalho tenha o valor correspondente à altura da dedicação que realizamos”, afirmou Ediana.