O professor, historiador e influencer Leandro Karnal esteve em Recife (PE) nesta quarta-feira (15) para participar da sétima edição do festival de inovação e tecnologia Rec’n’Play. Sua palestra, que abordou os desafios da educação em um mundo hiperconectado, foi o evento mais disputado do primeiro dia do festival.
Em sua apresentação, Karnal questionou o valor da mera disponibilidade de informação em uma era de acesso ilimitado ao conhecimento: “Hoje eu posso acessar tudo que está em todas as bibliotecas do mundo, todas as obras de arte, todas as músicas de qualquer cidade. Mas o que está acontecendo é que, apesar disso, não temos mais gênios literários e artísticos do que há 50 anos?”, refletiu.
O historiador ofereceu a própria resposta, destacando que a tecnologia é uma ferramenta, e não uma garantia ou uma “catapulta” para o aprendizado. Ele ressaltou a importância do esforço individual: “Eu preciso sentar e ler. Eu tenho acesso aos livros da Faculdade de Direito de Recife, mas continuo como um aluno do século XIX: tendo que sentar e ler”.
Dominar a Inteligência Artificial
Karnal, que também é professor, alertou sobre a nova dinâmica em sala de aula, onde os educadores precisam desenvolver habilidades para solucionar problemas inéditos. Ele brincou sobre o desequilíbrio tecnológico: “Pela primeira vez na história, meus alunos sabem mais do que eu. Você, professor, já pediu ajuda a um adolescente para arrumar um aparelho celular”.
O historiador enfatizou a urgência em produzir conhecimento para manter o domínio sobre as novas tecnologias, citando uma frase que atribuiu a um pensador indiano: “o futuro não será dominado pela IA [Inteligência Artificial]. Será dominado pelos que dominam a IA”. Segundo ele, é vital se adiantar a esse processo.
Público disputa vaga no Rec’n’Play
O festival Rec’n’Play começou com grande público no centro da capital pernambucana, na região conhecida como Recife Antigo.
A alta procura pela palestra de Karnal gerou longas filas. Raul Cavalcante, do Núcleo de Gestão do Porto Digital, organizador do evento, contou que a fila para o auditório do Cais do Sertão começou às 7h30 da manhã, para uma palestra que só ocorreria às 10h. A advogada Raquel Mariche, que chegou às 9h, conseguiu uma das últimas vagas e afirmou ter se programado para conseguir assistir o historiador.
O festival prevê mais de 700 eventos gratuitos e os organizadores esperam superar os 90 mil inscritos do ano passado. O Rec’n’Play ocorre na região do Porto Digital, utilizando 83 espaços em 30 prédios, além de palcos e estandes de rua. O evento é realizado pela Ampla Comunicação, Porto Digital e Sebrae Pernambuco.