O economista José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Columbia e integrante do conselho consultivo de finanças da presidência brasileira para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), afirmou que o caminho para solucionar o desafio do fluxo de financiamento climático é o multilateralismo. Para Scheinkman, a COP é o espaço mais adequado para criar e propor novas ideias para o tema.
A declaração foi feita durante uma entrevista coletiva nesta terça-feira (14), na Pré-COP, em Brasília. O especialista acredita que o foco inicial deve ser a definição da meta de neutralidade nas emissões de gases (net zero), seguida pela identificação de projetos de baixo custo e, só depois, o cálculo dos valores necessários.
Propostas para o financiamento climático
O grupo de economistas que presta suporte à presidência brasileira na COP30 sugeriu uma série de projetos inovadores. Entre eles, estão o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e o Ecoinvest.
Outras propostas incluem a criação de uma coalizão aberta de países para um mercado de carbono global e a transferência de subsídios globais do setor de combustíveis fósseis para a área de energia renovável. Segundo o economista, a eficácia do corte de emissões é global, não dependendo do local em que a redução é feita. “O importante é quanto você corta no agregado de emissões”, frisou Scheinkman.
Desafios e o modelo europeu
O economista sugeriu que o modelo da União Europeia pode servir de inspiração para uma abordagem global. Nele, os países com maior capacidade financeira assumem cotas de obrigação maiores e oferecem suporte às nações em desenvolvimento.
Apesar da existência de modelos promissores, Scheinkman ressaltou que a implementação de projetos globais pode ser limitada por interesses nacionais, regionais e até fatores ideológicos. Um dos entraves técnicos é a ausência de um padrão para o cálculo de crédito de carbono gerado pela restauração de florestas.
O economista finaliza destacando que países podem ser atraídos por vantagens, como a facilidade de gerar crédito de carbono em áreas naturais. É o caso de nações africanas, onde a mitigação de emissões (como o fim do uso de lenha para cozinhar) é de baixo custo, mas exige orçamento externo para o financiamento climático. O papel do seu grupo, conclui Scheinkman, é gerar ideias, deixando a viabilidade para os negociadores internacionais.