A delegação do Brasil reafirmou a urgência de financiamento climático para que o planeta possa atingir as metas de mitigação, adaptação e promover uma transição socioeconômica justa diante do aquecimento global. A pauta foi central no primeiro dia de debates da Pré-COP, evento preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém.
O encontro de negociadores de 67 países, incluindo diplomatas e ministros, segue até esta terça-feira (14 de outubro de 2025), em Brasília.
Necessidade de bilhões para natureza e clima
A ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, destacou a importância de redirecionar recursos para a preservação e restauração ambiental, alertando que é preciso “mudar antes de sermos mudados pela emergência climática”.
A ministra apontou a necessidade estimada de US$ 280 bilhões por ano para proteger as florestas, um valor quatro vezes maior do que o disponível atualmente. Para a conservação dos oceanos, o custo estimado é de US$ 16 bilhões por ano.
Financiamento climático como prioridade da COP30
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou da abertura da Pré-COP e enfatizou que a ampliação do financiamento climático nos países em desenvolvimento é uma das prioridades da COP30. O debate se concentra em torno do Mapa do Caminho de Baku a Belém, uma iniciativa que busca atingir US$ 1,3 trilhão em recursos por ano até 2035.
Entre os temas discutidos para viabilizar esse fluxo financeiro estão a reforma de bancos multilaterais, o direcionamento de investimentos a quem mais precisa e a mobilização do setor privado.
Reforço ao multilateralismo e adaptação
O presidente designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, relatou um grande alinhamento entre os países para o fortalecimento do multilateralismo, com ênfase no tema da adaptação às mudanças climáticas, considerado um “consenso geral”.
No entanto, grandes emissores como a União Europeia e a Índia, presentes na Pré-COP, ainda não renovaram seus compromissos (NDCs) do Acordo de Paris, necessários para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC. O diretor sênior de Políticas Públicas da Conservação Internacional (CI-Brasil), Gustavo Souza, afirmou que é essencial que a Pré-COP incentive maior ambição e o financiamento necessário para o progresso real.
Pressão social por Transição Justa
Representantes de cerca de 40 organizações da sociedade civil entregaram uma carta à Presidência da COP30, exigindo a disponibilização de US$ 86 bilhões por ano até 2030, especialmente para ações de adaptação voltadas a comunidades vulneráveis.
Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, destacou que a implementação da adaptação depende de financiamento previsível. Outra demanda social é o estabelecimento de um Mecanismo de Ação de Belém (BAM), impulsionado pela Climate Action Network (CAN), para institucionalizar e acelerar a Transição Justa, que garantirá um futuro digno para as comunidades afetadas pela transformação climática.