Brasília (DF), 10 de outubro de 2025 — A concessão do Prêmio Nobel da Paz à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, gerou críticas de políticos, autoridades e especialistas. Para muitos, a escolha do Comitê Norueguês teve caráter político e não refletiu ações efetivas em prol da paz.
O ex-diretor executivo do FMI, Paulo Nogueira Batista Jr., afirmou em sua conta no X que o comitê premiou uma “política controlada por Washington” em vez de pessoas engajadas em causas humanitárias, como o combate ao “genocídio em Gaza”. A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, e líderes de Cuba e Bolívia também manifestaram repúdio.
Segundo a educadora em direitos humanos Marisol Guedez, do Observatório para Dignidade no Trabalho, María Corina não demonstrou preocupação com a paz na Venezuela, promovendo atos violentos fora do marco jurídico. Autoridades brasileiras próximas ao governo compararam sua atuação à do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), citando apoio a sanções econômicas impostas à Venezuela pelo governo Trump, em 2017.
Por outro lado, representantes da direita brasileira, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), comemoraram a premiação nas redes sociais. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, afirmou que o Nobel “priorizou a política em relação à paz” ao premiar a venezuelana.
O Comitê Norueguês, em nota, justificou a escolha destacando o trabalho de María Corina na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia. Segundo o presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes, ela é “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.