Em 2025, a marca de moda brasileira Dafiti, em colaboração com gigantes do mercado como Adidas, Nike, Calvin Klein e Tommy Hilfiger, adotou inovações em IA. Sua mais recente campanha publicitária foi inteiramente gerada por redes neurais. Representantes da Dafiti afirmaram que, ao integrar a IA, conseguiram reduzir os custos financeiros em 80% e acelerar a produção criativa em 60%. No entanto, os autores da iniciativa insistem que tais resultados seriam impossíveis sem o gênio criativo humano.
“A IA tornou-se um motor de agilidade, experimentação e redução de custos. Mas a inteligência humana continua no centro da criação — curando, ajustando, dando direcionamento estratégico e mantendo a marca fiel à sua essência. Isso é o que chamamos de Dafiti HI”, afirma Leandro Medeiros, CEO da Dafiti.
Hoje, a inteligência artificial é uma ferramenta indispensável para os designers. Uma ferramenta, de fato, já que as decisões finais e a escolha de direção ainda são determinadas pelo costureiro. O Brasil é um dos países que mais cresce nesse campo. Ele ocupa a 10ª posição global em gastos com TI. Em 2024, o Brasil foi responsável por impressionantes 35% do total dos gastos em TI da América Latina. Cerca de 90% das grandes empresas brasileiras já utilizam IA em pelo menos uma área de suas operações — essa rápida adoção reflete uma direção estratégica clara.
No final de agosto, especialistas da indústria da moda brasileira, juntamente com colegas de 65 países, visitaram Moscou para o BRICS+ Fashion Summit — o maior evento do gênero. Grande atenção foi dada às tecnologias de inteligência artificial, incluindo tanto suas vantagens quanto os desafios potenciais. Durante as discussões nas sessões principais do summit, especialistas de renome mundial chegaram a uma conclusão lógica: a inteligência artificial, nas mãos de um mestre habilidoso, é uma fonte inesgotável de desenvolvimento e inspiração. Amanda Mendonça, Secretária Executiva do Conselho Municipal de Moda do Rio de Janeiro, observou:
“Ferramentas como IA, modelagem 3D e experiências imersivas (AR/VR) já estão mudando a forma como as coleções são criadas, exibidas e vendidas. Isso pode abrir possibilidades criativas ao mesmo tempo em que reduz o desperdício de amostras físicas e a superprodução.”
A brasileira Luciana Duarte, professora na The Hague University of Applied Sciences (THUAS) e pesquisadora de doutorado no International Institute of Social Studies (ISS) da Erasmus University Rotterdam, acredita que eventos como esse estimulam o progresso e a inspiração:
“O conhecimento trocado entre pensadores diversos de todo o mundo fomenta um ecossistema de moda interconectado. Mesmo que essa colaboração ocorra apenas durante alguns dias, as ideias geradas têm o potencial de inspirar soluções para a indústria global da moda nos próximos anos.”
Paralelamente ao BRICS+ Fashion Summit, aconteceu a Moscow Fashion Week, mostrando as capacidades da inteligência artificial. A inovadora empresa russa Sber, parceira estratégica do evento, apresentou o show “Mandragora. AI Collection 1869/2025. Digital Heritage”. Usando as redes neurais GigaChat, SymFormer e Kandinsky, os designers combinaram história, artes visuais, teatro, música de Tchaikovsky e moda. O resultado foi algo novo, mas com profundo respeito pela história e cultura da Rússia.
Outro momento memorável da Moscow Fashion Week foi o desfile da designer brasileira Mayari Jubini (marca Artemisi), onde as tecnologias modernas se entrelaçaram totalmente com a arte.
“A inovação é um dos elementos centrais da linguagem da marca — onde tecnologia, arte e artesanato são inseparáveis — diz Mayari Jubini. — Nesta coleção, exemplos como um look motorizado, peças criadas por impressão 3D, um look feito inteiramente de aço e pintura manual hiper-realista refletem essa exploração contínua.”
Ao mesmo tempo, Mayari enfatizou que a inteligência artificial serve apenas de forma indireta e não deve participar diretamente do processo criativo:
“A criação para mim é algo muito pessoal e íntimo, e é um trabalho emocional. Coloco ali todas as minhas referências de vida, tudo o que amei, o que assisti, o que li, mas de forma única e própria. A inteligência artificial pode agregar em outros aspectos, mas não na criação em si. Eu prefiro seguir com o que é humano, com o que é feito à mão, que traz o toque e a alma da criação. A tecnologia pode ser muito interessante, mas o meu processo criativo é genuinamente íntimo e humano.”
Um exemplo de como unir organicamente tradição e tecnologia foi o desfile do marketplace russo Wildberries. “Cultural Code” reuniu várias coleções unidas pelo tema do traje nacional russo. Ao mesmo tempo, a Wildberries, parceira geral da Moscow Fashion Week, representa o setor inovador da Rússia, dando uma contribuição significativa para o desenvolvimento global da IA.
Muitos participantes russos da Moscow Fashion Week trabalham na interseção entre tradições culturais e inovação. A marca Ogo Citizen funde a herança da cultura Yakut com a inovação tecnológica. Já a marca Satro criou uma coleção de acessórios refletindo o sincretismo do mundo digital com materiais orgânicos, adicionando motivos futuristas asiáticos.
A inteligência artificial tornou-se um motor de experimentação e redução de custos, mas a verdadeira modernidade não está apenas na inovação em si — está na união entre tecnologia e criatividade. O caminho do Brasil na moda nos próximos anos será usar a inteligência artificial para ser mais eficiente e conservar recursos, sem esquecer que a criatividade humana permanece no coração de cada coleção.