O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou nesta terça-feira, 7 de outubro de 2025, a proposta central que o Brasil levará à próxima COP30, em Belém: a criação do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Durante o programa “Bom dia, Ministro”, Haddad destacou o TFFF como um mecanismo inovador de financiamento de serviços ambientais, projetado para remunerar países que mantêm suas florestas tropicais preservadas.
“Eu acredito sinceramente que essa iniciativa pode ser um grande legado desta COP,” declarou Haddad.
Novo Modelo de Financiamento Global
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) propõe uma mudança de paradigma, atuando como um fundo de investimento em vez de um instrumento de doação. O objetivo é captar recursos de governos e da iniciativa privada, pagando juros baixos, e usar o diferencial dos rendimentos para compensar as nações que conservam suas florestas tropicais.
A meta inicial é captar US$ 25 bilhões junto aos governos, com potencial de ultrapassar US$ 100 bilhões com a participação do setor privado. Para aderir, os países deverão adotar sistemas de gestão financeira transparentes e destinar 20% dos recursos especificamente para povos indígenas e comunidades tradicionais.
Ousadia e Compromisso do Brasil
Haddad enalteceu a ousadia do governo brasileiro em dois momentos cruciais: a decisão de sediar a COP no coração da Amazônia, permitindo que o mundo conheça a realidade da região, e o anúncio feito na ONU do compromisso de o Brasil ser o primeiro a aportar recursos.
“A segunda ousadia foi no discurso da ONU ao dizer que o Brasil se compromete com US$ 1 bilhão para o fundo. Ou seja, países ricos não põem a mão no bolso e o Brasil diz: ‘eu vou entrar com um bilhão de dólares’,” ressaltou o ministro.
O projeto, liderado pelo Brasil desde a COP28 (Dubai, 2023), tem como foco beneficiar todo o Sul Global, onde se concentram as florestas tropicais, essenciais para a saúde do planeta.
Produtividade e Agenda Microeconômica
Além da pauta ambiental, Haddad enfatizou a importância da agenda microeconômica do governo, com ações pontuais que geram impacto direto na produtividade da economia brasileira. Como exemplo, citou o programa Crédito do Trabalhador, que oferece crédito consignado para o setor privado.
Segundo o ministro, a concorrência bancária estimulada pelo programa permitiu que “muita gente saísse de uma dívida cara para uma dívida mais barata“, injetando mais de R$ 40 bilhões em operações com juros mais baixos e em queda em apenas seis meses.
O ministro também mencionou que há uma lista de projetos maduros no Congresso Nacional — incluindo temas como Lei de Falências e Infraestrutura Bancária — que, se aprovados, trarão melhorias significativas para o ambiente de negócios.
Negociação Fiscal e Parceria com o Legislativo
Sobre as medidas fiscais, Haddad destacou que o governo manterá a negociação com o Congresso Nacional. Ele valorizou a autonomia do Legislativo e a retomada da parceria entre os Poderes.
“O governo Lula, em parceria com o Congresso Nacional, fez a maior Reforma Tributária da nossa história, tanto do consumo e agora da renda,” afirmou, sublinhando que a negociação faz parte do processo democrático.