O empresário gaúcho Fernando Goldzstein transformou o desespero de um diagnóstico em uma missão global de ciência e inovação. Em 2015, ele e a esposa, Bárbara, foram impactados pela notícia de que o filho mais velho, Frederico, então com 9 anos, estava com meduloblastoma. Trata-se de um tumor cerebral maligno, agressivo e de rápido crescimento.
O tratamento inicial, que incluía cirurgia, quimio e radioterapia, seguiu um protocolo que, segundo especialistas, era o mesmo há 40 anos e trazia efeitos colaterais severos e permanentes.
A luta se intensificou quando a doença retornou. Os médicos foram categóricos, informando que o prognóstico não era bom e que não havia mais o que fazer. “Eu simplesmente não aceitei. Desistir do meu filho não era uma opção”, afirma Fernando, que se sentiu “nocauteado” pela situação.
Criação da MBI e Resultados Históricos
Fernando buscou auxílio do Dr. Roger Packer, um dos maiores especialistas em meduloblastoma do Children’s National Hospital de Washington. O pai questionou: “O que nós podemos fazer para mudar a realidade desse tumor?”.
Seguindo o conselho do médico, Fernando investiu recursos próprios e criou a MBI (Medulloblastoma Initiative), com o objetivo de desenvolver terapias mais eficazes e menos tóxicas.
A iniciativa de Fernando mobiliza 28 cientistas e 16 laboratórios de ponta nos Estados Unidos, Canadá e Alemanha. Em apenas quatro anos, a MBI alcançou um feito histórico:
- Dois tratamentos experimentais foram aprovados pela FDA (agência reguladora de medicamentos dos EUA).
- Um dos tratamentos utiliza as próprias células do corpo para atacar o tumor.
- O outro foca em reprogramar o sistema imunológico do paciente.
As novas terapias buscam ser personalizadas, atacando apenas as células tumorais e prometendo curar o meduloblastoma sem causar os graves efeitos colaterais permanentes da quimioterapia tradicional.
Esperança e Impacto no Brasil
Fernando celebra o avanço e expressa sua convicção: “Eu enxergo o meduloblastoma como sendo uma doença que não vai mais tirar a vida de nenhuma criança”.
Embora Frederico, hoje com 19 anos, continue em tratamento e não tenha participado dos novos ensaios clínicos, a MBI já traz benefícios ao Brasil. A partir do próximo ano, cientistas do Hospital Albert Einstein receberão os resultados das pesquisas, abrindo a possibilidade de trazer a pesquisa clínica e beneficiar pacientes brasileiros.
“A gente tem um caminho longo pela frente. Até que a gente realmente consiga chegar a um ponto onde nenhuma criança pereça dessa doença terrível”, finaliza Fernando, mantendo o foco em sua missão.