O gasto com viagens domésticas que incluíram pernoite somou R$ 22,8 bilhões em 2024, representando um crescimento real de 11,7% em comparação com 2023. O valor confirma a manutenção da retomada do setor de turismo pós-pandemia, segundo dados de uma edição especial sobre turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (2).
Em 2023, o total gasto foi de R$ 20,4 milhões, um salto de 77,7% em relação a 2021. Apesar do recorde no montante gasto, o IBGE identificou que o número de viagens permaneceu estável em 20,6 milhões.
Para o analista da pesquisa, William Kratochwill, a estabilidade no número de viagens com o aumento do gasto indica que “as viagens aconteceram com gastos maiores”, o que pode ser reflexo do aumento do custo médio por pessoa ou do tipo de viagem.
Gasto médio e distribuição regional
O levantamento apurou que o gasto médio de viagem nacional com pernoite em 2024 ficou em R$ 1.843, superando os R$ 1.706 de 2023. O gasto diário por pessoa alcançou R$ 268.
Ao analisar os destinos, o Nordeste se destacou como a região onde mais se gasta com viagens, registrando uma média de R$ 2.523. O Sul (R$ 1.943) também superou a média nacional.
Os estados com maior gasto médio de destino ficam no Nordeste:
- Alagoas: R$ 3.790
- Ceará: R$ 3.006
- Bahia: R$ 2.711
Na outra ponta, os estados do Norte registraram os menores gastos, com Rondônia na última posição (R$ 930).
Em relação à origem dos viajantes, o Distrito Federal lidera o ranking, com gasto médio de R$ 3.090 por viagem. A explicação, segundo Kratochwill, está na maior renda per capita (por pessoa) do DF.
Renda é o principal fator limitante
A Pnad detalha que existe uma forte correlação entre renda e gasto com viagens. Em lares com renda familiar a partir de quatro salários mínimos, o gasto médio chega a R$ 3.032, enquanto em domicílios com renda inferior a meio salário mínimo, o valor fica em R$ 802.
Ao ser questionado sobre o motivo para não ter viajado, a maior parte dos entrevistados (39,2%) respondeu falta de dinheiro, sendo este o principal motivo para 55,3% das famílias que ganham menos de dois salários mínimos. Para famílias com rendimento per capita a partir de dois salários mínimos, o motivo mais citado foi falta de tempo.
A pesquisa revela ainda que 96,7% das viagens foram nacionais. Dessas, três em cada quatro (75,5%) foram classificadas como curtas, com até cinco pernoites.