O mês de setembro foi escolhido para representar o tema da valorização da vida. A busca de debates sobre a prevenção ao suicídio tem como objetivo combater os males das dores da alma, ou seja, representa o cuidado e a atenção que a sociedade precisa ter, mas que no dia a dia os desconfortos acabam sendo despercebidos. As expressões artísticas, nesse movimento, tornam-se uma das ferramentas essenciais de acolhimento.
Os primeiros movimentos do Setembro Amarelo
A campanha teve início nos Estados Unidos, em 1994, após um jovem de 17 anos chamado Mike Emme cometer suicídio. Segundo relatos, era um rapaz querido por todos em seu meio social, com uma personalidade altruísta, não sendo possível identificar por seus familiares e amigos as dores que Mike estava sentindo e o que estava prestes a cometer. Gostava muito da área musical, tinha habilidades mecânicas e, com sua esperteza, antes de falecer fez uma reforma em um Ford Mustang amarelo 1968 (seu carro favorito).
Após o triste episódio de sua morte, durante o velório foram distribuídas fitas amarelas com a seguinte mensagem de incentivo: “Se você precisar, peça ajuda”. A mensagem, em memória do filho, se tornou um lembrete do cuidado com a saúde mental, e o laço de cor amarela foi escolhido como símbolo representativo. Posteriormente, seus pais criaram o Yellow Ribbon Suicide Prevention Program como continuidade do movimento.
Continuidade da campanha no Brasil
Em 2013, Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), deu notoriedade ao tema e colocou o Setembro Amarelo no calendário nacional. Desde 2014, a ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), divulga a campanha e conquista parceiros em todo o Brasil. O dia 10 de setembro é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Atualmente, o Setembro Amarelo é a maior campanha antiestigma do mundo!
Dados da OMS
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o suicídio entre jovens de 15 a 29 anos é a quarta principal causa de morte, perdendo apenas para lesões no trânsito, tuberculose e violências interpessoais.
No Brasil, o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revela que o suicídio chega a ser a terceira causa de óbito entre 15 e 19 anos, e uma das preocupações é que os registros estão em alta no país.
A visibilidade entre passos e a medicina
Os movimentos artísticos estimulam a liberação de neurotransmissores como a endorfina, a dopamina e a serotonina, que estão ligados à sensação de bem-estar e impulsionam a felicidade. Auxiliam na redução dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, promovendo relaxamento. Consequentemente, a pessoa que pratica tem menos probabilidade de se concentrar em pensamentos dolorosos ou de buscar a prática do suicídio.
“As práticas de movimentos artísticos podem tornar o cérebro mais jovem e, de acordo com um estudo publicado pelo jornal Frontiers in Human Neuroscience, a atividade física é como um antídoto que previne o envelhecimento precoce do cérebro. E o melhor: no mesmo estudo foi apontado que a dança pode ser o exercício mais completo para atingir esse objetivo, quando comparada a caminhadas, bicicleta ou outros exercícios convencionais.”
Outra área privilegiada pela dança é a criatividade, pois ela estimula diferentes partes do cérebro ao mesmo tempo e possibilita o desenvolvimento de uma nova forma de comunicação.
Consciência corporal na dançaterapia
Entre movimentos lentos e agitados, a modalidade de ritmos ensina técnicas de respiração para que as pessoas consigam dominar seu fôlego. Isso faz com que desenvolvam consciência ao perceberem sua respiração ao longo do dia, identificando em quais momentos estão tensas ou onde podem melhorar.
“A noção da respiração é importante como ferramenta de enfrentamento de situações adversas, como crises de ansiedade e ataques de pânico, já que, por meio de exercícios respiratórios, é possível se concentrar no tempo presente, aliviando o nervosismo e garantindo mais bem-estar.”
Ferramentas artísticas: benefícios e expressões
Há diversas atividades artísticas e culturais eficazes para a saúde física e mental. A dança, em especial, nos faz exercitar a coordenação motora, a flexibilidade corporal e está associada também à perda de calorias.
Os benefícios dos ritmos não transformam apenas os passos: a dança é uma grande aliada quando se trata de expressão cultural, expressão musical, vivências, preservação de tradições, fortalecimento da identidade de um povo e comunicação em diversas linguagens.
Setembro Amarelo em academias
Limitações – alunos x professores
Segundo o professor de dança Renan Bonni, de modo geral muitas pessoas se sabotam, se limitam antes mesmo de entrar na aula de dança por acharem que não conseguirão alcançar o objetivo na condição de aluno.
“Na dança não há limites para quem busca o que precisa ser desenvolvido, pois todos estão na aula para se divertir. Sob a instrução do professor, há muitas possibilidades de utilizar ferramentas que conduzem os alunos da melhor maneira possível. Para quem vai pela primeira vez, o instrutor sempre tem uma ‘carta na manga’ para incluí-los na turma, como coreografias de fácil condução e nível técnico baixo, além das ferramentas de ensino contínuo.”
Já no quesito de limitação de ensino, isso depende do instrutor, de sua experiência, dedicação aos estudos e segurança em ministrar aulas, podendo variar de maneira expressiva os resultados.
Depoimento
Para a aluna Andressa Andrade, a dança faz parte do autocuidado porque traz benefícios que englobam amizades, comunicação social e a transformação do ambiente com energias positivas.
“São aulas que nos ajudam a repensar convivências, quebrando barreiras sobre preconceitos, envolvendo a busca pela acessibilidade e fazendo com que todos participem do seu jeito.”
“A atividade física pode auxiliar em diversos níveis psicológicos, comportamentais e sociais. No caso da dança, pode-se dizer que é uma das atividades físicas mais completas quando se fala em saúde mental, porque envolve movimento, música e emoção.” – Psicóloga Eluane Martins
Materiais complementares com cartilhas: Setembro Amarelo
Fontes utilizadas:
Sami Saúde
Malacal
Setembro Amarelo
Colégio Católica Curitiba