A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) alerta que pessoas diagnosticadas com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) correm um risco duas vezes maior de se envolver em acidentes no trânsito, segundo estudos internacionais. O transtorno, caracterizado por sintomas como impulsividade, desatenção e agitação, exige atenção especial quando o paciente assume o volante.
A prevalência de TDAH no Brasil é significativa: a condição afeta cerca de 7,6% das crianças e adolescentes, 5,2% dos jovens e 6,1% das pessoas com mais de 44 anos.
Comportamentos de risco e percepção alterada
Durante o 16º Congresso Brasileiro de Medicina do Tráfego, em Salvador, a médica do tráfego Joan Faber citou pesquisas que ligam o TDAH a padrões de direção arriscados, incluindo falta de julgamento e uma tendência em buscar emoções e assumir riscos.
Além disso, condutores com o transtorno frequentemente têm uma percepção superestimada de sua própria competência ao volante. Essa autoconfiança excessiva faz com que mantenham comportamentos de risco, aumentando a probabilidade de acidentes.
Estratégias para uma direção mais segura
A especialista Joan Faber apontou que o risco relativo do TDAH pode ser modificado por meio da compreensão do quadro e da experiência na direção. Alguns fatores podem contribuir para melhorar a performance e a segurança desses motoristas:
Trânsito Intenso e Urbano: Condutores com TDAH apresentam melhor desempenho em percursos urbanos e com trânsito mais movimentado.
Câmbio Manual: Dirigir automóveis que exigem maior atenção, como os de câmbio manual, tende a melhorar a segurança.
Medicação: O desempenho piora em longas distâncias, em vias pouco movimentadas ou na condução monótona, especialmente quando os condutores não estão medicados.
A médica concluiu que realizar tarefas secundárias ao dirigir – como comer, beber líquidos, mudar a estação de rádio ou utilizar o celular – piora substancialmente a performance de quem tem o transtorno.