O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira, 26 de setembro de 2025, que o encontro previsto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representa um “primeiro passo” crucial. A reunião, que deve ocorrer na próxima semana, tem o objetivo de iniciar a resolução do “tarifaço” imposto pelos EUA contra o Brasil.
Em palestra proferida na instituição de ensino Insper, na capital paulista, Alckmin manifestou otimismo cauteloso. “Quero saudar o encontro, embora rápido, mas o encontro entre os presidentes Lula e Trump, que deram, ao menos, um primeiro passo. Vamos tentar dar os passos subsequentes para a gente ir removendo esses problemas”, disse o vice-presidente.
Comércio “ganha-ganha” e regras
Alckmin defendeu que as relações comerciais internacionais devem ser baseadas no princípio do “ganha-ganha” e necessariamente pautadas por regras claras. Ele ressaltou que o comércio exterior beneficia a sociedade ao permitir a compra de produtos mais baratos e a venda de itens mais eficientes.
No entanto, ele fez uma ressalva importante sobre a fragilidade do sistema atual: “Só que precisa ter regras, porque senão o grande vai matar o pequeno”.
Limitação da Organização Mundial do Comércio
O vice-presidente criticou a limitação na atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC), instituição fundamental para assegurar as regras do comércio internacional. Segundo Alckmin, os Estados Unidos têm impedido o funcionamento efetivo da OMC ao não designar representantes para a segunda instância.
“Na segunda instância, os Estados Unidos não designam os seus representantes. Ela [a OMC] não pode agir. Então, meio que a OMC ficou inócua”, explicou Alckmin. Ele apontou que, mesmo ganhando em primeira instância, a decisão não se concretiza sem o julgamento final, que está paralisado.
Contexto da reunião
O encontro entre os líderes foi proposto por Donald Trump no último dia 23, após os presidentes terem um breve contato durante a Assembleia Geral das Nações Unidas. Trump, que discursou logo após Lula na ONU, teceu elogios ao brasileiro, chamando-o de “homem muito agradável” com quem teve “uma química excelente”.
As tarifas aplicadas pelos EUA, alvo da reclamação brasileira, foram justificadas pelo presidente norte-americano como uma medida de defesa da soberania e segurança de seu país.