O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, afirmou nesta quinta-feira (25) que irá disponibilizar à Polícia Federal (PF) um vasto material que comprova sua inocência. Antunes é investigado como figura central em um esquema de descontos ilegais em benefícios previdenciários pagos pelo INSS.
Antunes, que está em prisão preventiva desde o dia 12, prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Brasília. Ele prometeu entregar mais de 180 gigabytes de informações, o equivalente a mais de 18 milhões de documentos, à PF nos próximos dias.
Defesa e Alegação de Terceirização
Em seu depoimento, o “Careca do INSS” leu uma declaração reafirmando sua inocência e garantindo que sua empresa, a Prospect, se limitava a fornecer assessoria e consultoria empresarial às associações contratantes. Segundo ele, a atuação de sua empresa era restrita à prestação de serviços como apólices de seguro funeral, clube de benefícios e plataforma de cursos.
O empresário assegurou que jamais foi responsável pelo recrutamento de associados ou por qualquer ingerência na inserção de dados de aposentados no sistema do INSS para desconto das mensalidades. Antunes admitiu que pode haver ilegalidades nos descontos, mas atribuiu a culpa às associações que o contrataram.
“A responsabilidade a ser apurada recai sobre as associações que, eventualmente, promoveram a inclusão destas pessoas em seus quadros associativos, sem a devida anuência”, sustentou Antunes perante a comissão.
Tensão com o Relator
O depoimento, que ainda está em andamento, começou com um momento de tensão. Antunes antecipou que não responderia a nenhuma pergunta do relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União/AL).
Antunes justificou sua decisão alegando que o relator já o havia julgado e condenado como “ladrão de dinheiro dos aposentados” em reunião anterior, sem lhe dar chance de defesa.
Apesar do silêncio do depoente, o relator Alfredo Gaspar fez suas perguntas e rebateu a fala inicial de Antunes. Gaspar destacou que o empresário e seus sócios eram procuradores de várias entidades investigadas. Ele citou que associações como Ambec e Unaspub teriam retirado milhões dos beneficiários, com 97% dos filiados alegando não terem permitido o desconto associativo.