O número de empresas industriais no Brasil que utilizam inteligência artificial (IA) cresceu 163% em apenas dois anos, passando de 1.619 em 2022 para 4.261 em 2024. O dado é da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (24). A pesquisa analisou 1.731 empresas de um universo de mais de 10 mil companhias com 100 ou mais empregados.
O avanço é atribuído em grande parte à popularização das IAs generativas, como o ChatGPT, lançado em 2022. Segundo Flávio José Marques Peixoto, gerente de pesquisas do IBGE, a tecnologia tem sido adotada em diversas áreas, incluindo mineração de dados, reconhecimento de fala e imagem, além de manutenção preditiva e automatização de fluxos de trabalho.
Perfil das empresas e áreas de uso
O estudo mostra que a adesão à IA é maior em empresas de grande porte. Cerca de 57,5% das companhias com 500 ou mais empregados já utilizam a tecnologia. As áreas que mais se beneficiam são a de administração, com 87,9% de uso, e a de comercialização, com 75,2%.
Entre os setores industriais, a IA é mais presente em:
Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos: 72,3%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: 59,3%
Produtos químicos: 58%
Em contrapartida, os setores de Fumo, Couro e de Manutenção/Reparação são os que menos utilizam a tecnologia.
Tecnologias digitais avançadas
Além da IA, o IBGE pesquisou a utilização de outras tecnologias digitais avançadas. A computação em nuvem lidera o ranking de uso, presente em 77,2% das empresas, seguida pela Internet das Coisas (50,3%) e robótica (30,5%). Apenas 5% das empresas utilizam as seis tecnologias avançadas mapeadas no estudo.
Os principais benefícios relatados pelas empresas com o uso dessas tecnologias são o aumento da eficiência (90,3%) e a melhor flexibilidade nos processos (89,5%). Os altos custos das soluções e a falta de mão de obra qualificada foram apontados como os maiores obstáculos para a adoção.
Queda no teletrabalho
A pesquisa também identificou uma queda na adoção do teletrabalho na indústria. O percentual de empresas que utilizavam o regime caiu de 47,8% em 2022 para 43% em 2024. A modalidade é mais comum em empresas de grande porte e nas áreas de administração e comercialização.