O filme “Uma Batalha Após a Outra“, estrelado por Leonardo DiCaprio, estreia nos cinemas brasileiros como um dos favoritos ao Oscar 2026. Aclamado pela crítica, a produção nem sempre foi vista com bons olhos por analistas de Hollywood. Por causa do alto orçamento, estimado entre US$ 130 milhões e US$ 175 milhões, o filme era considerado um dos maiores riscos da Warner Bros. em 2025.
Para se pagar, a sátira sobre autoritarismo nos Estados Unidos precisaria arrecadar mais de US$ 300 milhões nas bilheterias, uma meta desafiadora para um filme que não se enquadra nas fórmulas de sucesso tradicionais. O diretor Paul Thomas Anderson, conhecido por obras aclamadas como “Licorice Pizza”, nunca teve uma bilheteria acima de US$ 76 milhões (“Sangue Negro”, 2007), o que aumentava o ceticismo do mercado.
A Virada da Crítica e a Visão dos Atores
A percepção sobre o projeto mudou radicalmente com as primeiras críticas, que o consideraram um dos melhores filmes do ano. As projeções de bilheteria também se tornaram mais otimistas, com agências de monitoramento estimando uma arrecadação de mais de US$ 40 milhões no fim de semana de estreia, o que seria um recorde para o cineasta.
Em entrevista ao g1, Leonardo DiCaprio, de 50 anos, lamentou a obsessão da indústria por bilheterias. “Ainda deveríamos dar atenção a filmes, mesmo filmes com um orçamento como esse, que são um grande risco, porque eles não têm as coisas que tradicionalmente as pessoas meio que esperam, seja filmes de super-heróis ou refilmagens”, disse o ator. Ele destacou o caráter original da obra, uma adaptação livre do livro “Vineland” de Thomas Pynchon.
Sátira Sem Partido e a Condição Humana
Dirigido por Paul Thomas Anderson (PTA), o filme conta a história de Bob, interpretado por DiCaprio, um ex-revolucionário que tenta proteger sua filha Willa de um agente federal em um país dominado por um governo fascista. Embora a trama do livro seja ambientada nos anos 80, o filme a atualiza para os dias atuais, explorando temas delicados como racismo e xenofobia com um humor que evita clichês heróicos.
DiCaprio, o ator porto-riquenho Benicio del Toro e o próprio diretor evitaram fazer comparações diretas com a política americana. Segundo DiCaprio, o filme retrata “uma sociedade dividida e mostra os erros dos dois lados do extremismo”. Ele complementa que o filme é uma obra que aborda “a condição humana” e que sua mensagem é de “serem bons uns com os outros”, apesar de diferenças ideológicas.
Benicio del Toro reforçou a importância do filme ser visto na tela grande. “Nós fizemos isso por vocês. Não acho que ninguém estava pensando no orçamento. Estávamos apenas tentando fazer essa história da melhor forma possível, com nossos personagens”, disse o ator.