Rotinas que ultrapassam 70 horas semanais e a pressão constante por excelência estão levando médicos a índices preocupantes de sofrimento psíquico. A pesquisa Qualidade de Vida do Médico, realizada pelo Research & Innovation Center da Afya, mostra que 45% dos profissionais apresentam algum quadro de doença mental.
O levantamento, feito entre 29 de janeiro e 1º de abril de 2025, ouviu 2.147 médicos brasileiros. Os dados revelam que 58,2% já vivenciaram esgotamento profissional (burnout) e 40% convivem com diagnóstico de transtorno de ansiedade. Apenas 24,7% afirmam nunca ter apresentado sintomas ansiosos.
Norte lidera em sinais de burnout
No recorte regional, 36% dos médicos nortistas apresentam sinais de burnout sem acompanhamento profissional, percentual acima da média nacional. A região também concentra 5% de diagnósticos atuais com acompanhamento, o que demonstra maior busca por tratamento, mas expõe o peso do sofrimento.
Outro dado que chama atenção é o baixo índice de autocuidado: apenas 33% dos médicos da região Norte praticam atividades físicas regularmente, fator considerado protetivo contra doenças mentais.
O estudo ainda aponta que regiões com menor adesão a hábitos preventivos apresentam maior índice de automedicação, o que sugere estratégias individuais e arriscadas de manejo da saúde mental.
Campanha “Bora se Cuidar”
Para dar visibilidade ao tema, a Afya lançou em setembro a campanha “Bora se Cuidar”, voltada a médicos e estudantes. A iniciativa reúne conteúdos em vídeo, podcasts, cartilha de autocuidado e até chat de ajuda, promovendo acolhimento e incentivo a hábitos saudáveis.
“A formação médica exige dedicação integral, o que, somado à cobrança por excelência e à dificuldade de reservar tempo para si, pode favorecer o esgotamento emocional. O cuidado precisa começar ainda na graduação e se estender por toda a trajetória da Medicina”, afirma Stella Brant, vice-presidente de Marketing e Sustentabilidade da Afya.
Afya na Amazônia
Com 16 unidades de ensino na Região Norte, a Afya também atua em Rondônia com três instituições: duas graduações (em Porto Velho e Ji-Paraná) e uma pós-graduação em Porto Velho. A rede também mantém escolas de Medicina no Amazonas, Acre, Pará e Tocantins, além de unidades de pós-graduação em Belém, Manaus e Palmas.