Uma pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) revela que um terço das vítimas de acidentes com motocicletas atendidas em hospitais do Brasil fica com sequelas permanentes. Os dados, baseados em entrevistas com 95 chefes de serviços de ortopedia, mostram que os hospitais atendem em média 360 vítimas de trânsito por mês, sendo dois terços motociclistas. Destes, 33,9% desenvolvem sequelas permanentes, incluindo dor crônica (82%), deformidades (69,5%) e, em 35,8% dos casos, amputações.
A motociclista Jéssica Santos, de 29 anos, é um exemplo das consequências dos acidentes. Após uma colisão, ela teve fraturas graves na pelve e na mão. Quase um ano depois, ainda passa por fisioterapia para recuperar os movimentos e enfrenta dores diárias. O estudo da SBOT foi apresentado na Câmara dos Deputados como parte da campanha “Na moto, na moral”, que busca conscientizar sobre a segurança no trânsito e diminuir o número de acidentes.
Impacto no sistema de saúde e perfil das vítimas
O alto volume de pacientes vítimas de acidentes com motocicletas tem um impacto significativo nos hospitais. A pesquisa mostra que, em média, 18 cirurgias eletivas e 8 de emergência são adiadas por mês para atender a esses casos inesperados. O perfil das vítimas indica que 72,8% são homens, 40,7% têm entre 20 e 29 anos e, em 29,2% dos acidentes, houve ingestão de álcool. A maior parte das lesões (51,4%) atinge os membros inferiores.
Representantes de saúde e do setor de motociclistas, como Marcelo Matos, diretor-executivo do Sindicato dos Empregados Motociclistas do Estado do Rio de Janeiro (Sindmoto-RJ), pedem mais atenção do poder público. Eles apontam para a necessidade de campanhas de conscientização e regulamentação do trabalho de motociclistas de aplicativos. As propostas incluem um programa nacional de segurança e projetos-piloto de faixas azuis exclusivas para motos em grandes cidades, como São Paulo e Salvador.