O programa federal Bolsa Família tem mostrado um impacto significativo na redução do trabalho infantil no Brasil. De acordo com uma edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, o percentual de crianças e adolescentes em situação de trabalho caiu mais entre os lares que recebem o benefício. Em 2024, havia 717 mil crianças e adolescentes nessa condição em domicílios que contam com a assistência do governo.
A pesquisa mostra que, apesar de a proporção de trabalho infantil ser maior em lares beneficiários, a diferença em relação à média nacional está diminuindo. Em 2016, a distância era de 2,1 pontos percentuais, caindo para apenas 0,9 ponto percentual em 2024. O pesquisador do IBGE Gustavo Fontes destaca que a queda acentuada entre os beneficiários do Bolsa Família é um resultado positivo da série histórica.
Impacto e frequência escolar
O levantamento do IBGE reforça que o trabalho infantil está diretamente ligado à baixa renda. A pesquisa aponta que, em 2024, a renda mensal por pessoa nos lares beneficiários do Bolsa Família era de R$ 604, bem menor que a média de R$ 1.812 dos lares que não recebem o benefício.
Apesar da vulnerabilidade, a pesquisa revela um dado positivo: as crianças e adolescentes beneficiários do programa que trabalham têm maior frequência escolar do que aqueles na mesma situação que não são beneficiários. A frequência escolar entre o grupo do Bolsa Família foi de 91,2%, superando a média nacional de 88,8% para crianças e jovens em situação de trabalho infantil.