O Momento Empresarial recebeu a Professora Jane Lúcia Souza para uma conversa franca sobre infância, docência e proteção da criança. Logo de saída, ela sustenta que a infância é a base do desenvolvimento humano e que escola, família e comunidade precisam atuar juntas para garantir uma educação humanizada, com acolhimento e limites claros. A pedagoga, mestra e doutoranda em Educação defende que aprender passa por brincar, criar e ser escutado.
Infância como base: criatividade, afeto e limites
Jane Lúcia recorda a própria trajetória: ainda menina, acompanhava a mãe em ações comunitárias e, aos 15, já ajudava na alfabetização de jovens e adultos. Na visão dela, esse contato ensinou que proteger a infância é oferecer experiências lúdicas, relações afetivas e oportunidades para que crianças se expressem sem antecipar responsabilidades adultas.
Adultização: o que é e como evitar
A adultização da infância aparece quando se acelera o que deveria ser vivido no tempo da criança. Entre exemplos, estão rotinas exaustivas, exposição precoce a conteúdos impróprios e cobrança de desempenhos que ignoram habilidades individuais. Para evitar isso, a professora recomenda três frentes:
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Presença ativa da família: tempo de qualidade, conversas e mediação de telas.
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Práticas pedagógicas coerentes: espaço para brincar, pesquisar e perguntar.
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Cultura do acolhimento: reconhecer a história de cada criança, seus limites e potencialidades.
Escola e comunidade: parceria que transforma
A docente defende o papel da escola como espaço de socialização e produção de sentido, desde que respeite contextos culturais e condições concretas de vida. Para comunidades com poucos recursos, ela valoriza soluções simples: sala arejada, materiais básicos, organização do tempo e, principalmente, acolhimento. Onde há vínculos e intencionalidade pedagógica, há aprendizagem.
Professor também precisa de cuidado
Para que o professor acolha, ele também precisa ser acolhido. Formação continuada, planejamento colaborativo e apoio da rede pública são essenciais. A aposta de Jane Lúcia é clara: investir no professor é investir na infância.
O que você precisa saber
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Infância é fase de criação, brincadeira e escuta.
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Adultização prejudica desenvolvimento e autoestima.
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Família, escola e comunidade devem atuar juntas.
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Professor precisa de formação e apoio para acolher.
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Proteção integral é direito previsto em lei no Brasil.
Como famílias podem agir hoje
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Estabeleça tempo sem telas para brincar e conversar.
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Participe da rotina escolar: reuniões, projetos e leitura em casa.
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Observe interesses e dificuldades da criança sem comparações.
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Procure espaços públicos de lazer e convivência segura.
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Denuncie situações de violação de direitos quando necessário.
Referências e direitos
A defesa da proteção integral tem base legal no Brasil. O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura prioridade absoluta a direitos como educação, saúde e convivência familiar. Organismos internacionais também reforçam esse compromisso.
O Momento Empresarial com a Professora Jane Lúcia reforça que educar é um ato de responsabilidade compartilhada. Proteger a infância é garantir tempo de brincar, limites consistentes e escola que escuta. Ao valorizar professores e envolver famílias, a sociedade cria condições reais para que crianças cresçam com segurança, autonomia e alegria.
O próximo capítulo
Em sua atuação atual, Jane leva essas reflexões para além da prática pedagógica. No próximo bloco, ela apresenta a obra “O Menino dos Caixas Pretos”, explorando como a literatura infantil pode dialogar com sociedade, políticas públicas e a construção de um futuro mais humano e justo.