Em meio às recentes discussões sobre sanções contra o Brasil, o tema da soberania, que antes parecia um conceito abstrato, ganhou força no debate público. Segundo especialistas, a defesa da soberania não deve se limitar a reações pontuais. É preciso um esforço contínuo e a criação de políticas públicas para fortalecer o Estado, a cidadania e a sensação de pertencimento na sociedade.
Helder Guimarães, pesquisador do Centro Soberania e Clima, defende que o caminho mais eficaz é a educação. Para ele, a discussão sobre a soberania deve ser abordada desde o ensino básico e se estender por meio do debate público. Guimarães contextualiza que a forma como o país lida com questões ambientais, como a Amazônia, também é um exemplo de soberania e que o Brasil precisa aperfeiçoar seus mecanismos de fiscalização para combater crimes ambientais e o desmatamento.
Ações para fortalecer a soberania
O cientista político Leonardo Barreto reforça que a sensibilização da população está diretamente ligada a políticas públicas que protejam o indivíduo. A sensação de que o Estado garante seus direitos gera um sentimento de pertencimento. “Quando se tem garantias de que os seus direitos estão sendo preservados e que aquele lugar te protege, há a sensação de soberania”, afirmou. Para ele, a crise atual é uma oportunidade para a reflexão, mas a soberania não pode ser imposta; ela deve ser resultado da identificação e da confiança nas instituições.
Barreto também sugere que a defesa da soberania deve ser feita por meio de ações concretas, como o combate à pirataria e à mineração irregular, e o investimento em políticas de transição energética e agricultura de baixo carbono. Além disso, a valorização das comunidades tradicionais é fundamental para o desenvolvimento e a conservação de áreas importantes.
A professora de história Albene Klemi, da Universidade de Brasília (UnB), concorda que a dependência tecnológica e a falta de políticas públicas enfraquecem a soberania. Ela ressalta que a ingerência de potências estrangeiras não é um caso isolado do Brasil e que a participação do cidadão é essencial para o fortalecimento da nação.