Praticamente isolada no meio da floresta amazônica, a região de Porto Velho passou, ao longo de sua história, por grandes transformações. A construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) e a chegada de milhares de pessoas levaram à criação do município em 2 de outubro de 1914. Desde então, diferentes ciclos migratórios ajudaram a consolidar a capital rondoniense como polo econômico e cultural da região Norte.
De acordo com o historiador Célio Leandro, o primeiro grande ciclo econômico foi o da borracha, diretamente ligado à ferrovia, que tinha como objetivo transportar o produto da Bolívia. “Tudo começa com o ciclo da borracha. É em torno da EFMM que surge Porto Velho. Vieram pessoas de várias nacionalidades, atraídas pela promessa do ‘ouro branco’”, afirmou.
Boom do ouro e colonização
Ainda segundo Célio Leandro, outro momento marcante foi o garimpo no rio Madeira, a partir da década de 1970, que atraiu migrantes de várias regiões do Brasil e até de países vizinhos. Esse processo contribuiu para a configuração social, política e econômica diferenciada da capital.
Com a abertura da BR-364, os projetos de colonização e a criação do estado de Rondônia, Porto Velho se consolidou como destino de milhares de famílias. O historiador Aleks Palitot destaca que a capital se tornou um “caldeirão cultural”, reunindo tradições de diferentes estados.
Palitot também lembra a importância dos “arigós”, migrantes vindos especialmente do Ceará, que fugiam da seca em busca de melhores condições de vida. Muitos se instalaram na região próxima ao rio Madeira, dando origem a bairros tradicionais da cidade.
Usinas do rio Madeira
Outro marco no desenvolvimento de Porto Velho foi a construção das usinas Santo Antônio e Jirau, que trouxeram milhares de trabalhadores de todo o país.

“As usinas do rio Madeira trazem um grande contingente de pessoas para a região. Porto Velho, que tinha pouco mais de 200 mil habitantes, passou a registrar cerca de 500 mil naquele período. Hoje seguimos vendo novos rumos, como o crescimento da soja e a implantação do porto graneleiro”, destacou o historiador Célio Leandro.
Com quase 111 anos de fundação, Porto Velho segue em constante transformação, marcada pelos ciclos migratórios que moldaram sua identidade econômica e cultural.