A palavra “caos” tem origem grega, cujo significado original remete a um vasto espaço vazio, escuridão infinita, o primeiro estado do Universo. Visto apenas como sinônimo de desordem, o caos representa a origem de todas as coisas, um estado primordial que antecede a Criação. É a Força Criadora, a base da Consciência Universal. Na Terra, o caos se manifesta em eventos naturais imprevisíveis: terremotos, erupções vulcânicas, tempestades, guerras, crises econômicas, endemias e pandemias. Esses fenômenos revelam a fragilidade da organização humana frente às forças naturais. Além disso, o colapso ambiental e climático do século XXI é outro exemplo de caos gerado pelo próprio homem, que culpa a Natureza pelos males globais.
Na vida das pessoas, o caos se manifesta emocionalmente, psicologicamente e socialmente. Em tempos de crise — como guerras, stress ou desequilíbrios mentais — os indivíduos enfrentam rupturas profundas em suas estruturas pessoais. Daí a necessidade que todos nós temos de orientação holística e espiritual.
A Magia pode ser compreendida, ao pé da letra, como saber. É a ciência que estuda as Leis da Natureza e suas aplicações, para compreender e dominar a si mesmo, o mundo e o lado oculto das coisas. O Caos.
Partindo do princípio de que onde há Magia há mago, e onde há mago há discípulos, há que aguçar o olhar para pincelar o que é e o que não é no campo das Ciências Ocultas. No mundo pós-moderno, caótico, povoado por enxames de falsos (as) sábios (as), acolhidos ardorosamente pela rede social, temos que exercitar a nossa capacidade de discernimento.
Todo cuidado é pouco na busca de orientação espiritual; pois, no “mercado esotérico” são comuns os falsos gurus, bruxos e bruxas de ocasião, e os aprendizes de feiticeiro. Via-de-regra são charlatães oportunistas que prometem mundos, fundos e remédios para todos os males, com a prescrição de fórmulas simples e milagrosas, como chás, incensos, defumadores, talismãs e oferendas. É o caos na Magia.
Os Fake News esotéricos são compulsivos nas redes sociais, os quais, impusionados com vigor, oferecem serviços de qualidade duvidosa pelos aprendizes de feiticeiros acobertados pelas alcunhas de magos, magas, bruxos, bruxas, monges, monjas, etc e tal. O Mago verdadeiro centraliza a egrégora, como a Rosa Mística circundada por pétalas iniciáticas, os discípulos. O botão é a alma, força, espírito e inteligência do Mago. O pólem místico e os aromas exalados disseminam a Magia, com toda a sua força e encanto.
O iniciado é o discípulo que emergiu da água estagnada das multidões, ingressando na zona de irradiação do centro espiritual. Ao se libertar das águas impuras, o iniciado é elevado às águas puras da Magia, as quais a massa humana não pode ascender devido ao seu peso natural. A Lei Natural, inflexível e inexorável, condena o chumbo a afundar e as pétalas a flutuar.
O mago é um mestre consagrado, e como todos os sábios, o reconhecimento é de fora pra dentro, e não de dentro pra fora. Para ser mago ou sacerdotisa você não precisa se vestir de bruxo ou bruxa, e nem prometer mundos, fundos e curas para todos os males. Os falsos magos e as sacerdotisas de ocasião se comportam com “arroz de festa”. São participantes infalíveis nos eventos, encontros e feiras místicas, devidamente registrados nas selfies e fotos dos agrupamentos de bruxos e bruxas. Ave!
A Magia compreende saberes, materiais e procedimentos que possibilitam a conexão do ser humano com as forças celestiais. Nesse aspecto, as Ciências Ocultas ancestrais diferem do conhecimento científico ocidental, tanto nas bases filosóficas, quanto nos procedimentos metodológicos e objetivos pretendidos. A ciência ocidental é especializada, cirúrgica, material; as Ciências Ocultas são holísticas, transcendentais, espirituais.
No padrão existencial em que vivemos, estamos habituados a observar o mundo de dentro para fora, numa perspectiva egocêntrica; para o crescimento espiritual é necessário o conhecimento interior, numa abordagem de fora para dentro.
No campo da Magia e do Esoterismo, o caos possui uma função criadora. A “Magia do Caos” (ou Chaos Magick) surgiu nos anos 1970 como um sistema moderno e eclético de práticas mágicas. Nela o praticante usa símbolos e procedimentos simples de forma pragmática, moldando a realidade por meio da sua vontade. É uma dissidência dentro do cenário ocultista, uma vez que enfatiza a relevância da experiência mágica individual, em contraposição às tradições advindas das antigas ordens secretas.
Vale salientar que os saberes herméticos não são exclusividade dos praticantes tradicionais, das elites, dos intelectuais ou dos descolados. Para conhecer as Ciências Ocultas, basta tão somente estudar os ensinamentos ancestrais com disciplina e dedicação, e aplicá-los segundo a sua vontade e visando sempre o bem.
Há um axioma do Hermetismo que diz: “Todos são chamados, mas poucos são os eleitos”. Os “eleitos” se distinguem da massa pelos valores herméticos adquiridos e pela valoração do espírito em lugar da matéria. A Magia permite a eles, os eleitos, conhecerem a si mesmos, fortalecendo a autoconfiança e ensinando a acertar o passo com os ritmos da harmonia universal, transformando em realidade os projetos mentalizados. O estudo e o exercício da Magia conduz à elevação da Consciência, a Quintessência, que nos remete à natureza animal, aguçando os sentidos e nos aproximando de Deus.
No Universo, na Natureza, no Planeta, nas emoções humanas e nas práticas espirituais, o caos é inevitável e, muitas vezes, necessário. Compreendê-lo é, talvez, o primeiro passo para encontrar sentido no aparente absurdo da existência.
Para finalizar, a Iluminação deve ser buscada segundo os mandamentos de Jesus: “Com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua mente.” Quando somos iluminados há uma recomposição dos terminais cerebrais e novos caminhos evolutivos são abertos. Então… Fiat Lux!