O Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE-RO) realizou, neste domingo (31), uma fiscalização em quatro unidades de saúde de Porto Velho: UPA Sul, UPA José Adelino, Policlínica Ana Adelaide e Maternidade Mãe Esperança. A ação teve como objetivo avaliar a qualidade do atendimento oferecido à população e as condições de trabalho dos profissionais.
O corpo técnico verificou desde a presença de profissionais até a disponibilidade de insumos, exames e estrutura física. “É muito importante a presença do Tribunal de Contas, fiscalizando e dando esse suporte tanto para nós, profissionais, quanto para as pacientes aqui da maternidade”, disse a enfermeira Alice Cristina.
O que a fiscalização encontrou
O relatório apontou avanços em áreas como regularização de escalas de plantão e reparos em equipamentos, mas também revelou falhas graves que afetam pacientes e profissionais.
Na Policlínica Ana Adelaide, pacientes relataram falta de medicamentos e necessidade de comprar insumos em farmácias. Profissionais criticaram o uso de cateteres de baixa qualidade, que causam dor e desconforto.
A paciente Aline Stefanes Mendonça reclamou da falta de climatização e da desorganização. “Deve haver mais fiscalização mesmo, para que a organização e a estrutura melhorem”, destacou.
Na UPA Sul, faltavam reagentes para exames de gravidez e medicamentos essenciais, além de problemas de manutenção em equipamentos.
No Pronto Atendimento José Adelino, auditores encontraram cadeiras quebradas, falta de privacidade em coletas e ausência de insumos básicos, como sondas e tubos. A farmácia estava desorganizada, com caixas empilhadas até o teto.
Já na Maternidade Mãe Esperança, mulheres em pós-parto estavam em enfermarias sem banheiro, enfrentando problemas de climatização e falta de equipamentos modernos, como ultrassom atualizado.
Impacto humano por trás dos números
Apesar das falhas, auditores também encontraram usuários satisfeitos com melhorias já percebidas. Adenilton Ribeiro, que acompanhava o nascimento do filho, elogiou o atendimento.
O médico Rached Mohamoud Ali destacou que a presença do TCE fortalece a gestão: “Vêm não para achacar, mas para fiscalizar, ver o que está faltando e o que deve ser feito futuramente”.
A técnica de enfermagem Antônia Evaristo reforçou: “Com certeza as fiscalizações são importantes para ver as condições de trabalho e o que está faltando”.
Próximos passos
O TCE-RO notificou a Prefeitura de Porto Velho a adotar medidas imediatas, como:
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reposição urgente de medicamentos e insumos;
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investimentos estruturais nas unidades;
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reforço das escalas médicas nos fins de semana;
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correção de falhas na regulação de pacientes.
A prefeitura tem 10 dias para apresentar soluções. “Uma nova inspeção já está programada para verificar o cumprimento das recomendações”, informou Régis Ximenes, secretário-geral adjunto de Controle Externo do TCE-RO.
Fiscalizar para transformar vidas
A atuação do Tribunal de Contas de Rondônia vai além de apontar falhas: busca induzir melhorias reais no atendimento à população e nas condições de trabalho dos profissionais de saúde. O órgão reafirma seu compromisso de transformar os recursos públicos em dignidade, cuidado e cidadania.