Na manhã dessa quinta-feira, dia 28, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, participou do programa Bom Dia Ministro, comandado pela jornalista Karine Melo. O programa contou com a participação de jornalistas e radialistas de diferentes regiões do país, entre eles: Sayonara Moreno (Rádio Nacional Brasília, Amazônia e Alto Solimões/EBC), Jakson Pereira (Rádio Hora – Campo Grande/MS), Thais Farias (Portal AC24horas), Michael Douglas (Portal A Crítica), Maristela Araújo (Rádio Executiva – Goiânia/GO) e Fabiano Coutinho (Portal News Rondônia).
O jornalista Fabiano Coutinho questionou o ministro Waldez Góes sobre as diferenças do Agroamigo, já consolidado no Nordeste, ao ser expandido para o Norte do país, região marcada por realidades muito distintas.
Em resposta, Góes explicou que o programa foi ajustado para atender às particularidades da Amazônia. Segundo ele, a iniciativa se apoia em tecnologia, inovação e organização social para superar barreiras geográficas, como longas distâncias, ramais, igarapés e rios que dificultam o acesso dos agricultores familiares ao crédito.
O ministro lembrou que o Nordeste já movimenta mais de R$ 10 bilhões em microcrédito, consolidando o Agroamigo como o maior programa do gênero na América Latina. Agora, com a determinação do presidente Lula, o Norte também passa a ser contemplado.
Waldez destacou ainda que as condições de financiamento na Amazônia são diferenciadas, justamente para reconhecer as dificuldades locais. Os limites variam conforme o perfil: jovens podem acessar até R$ 8 mil, mulheres até R$ 15 mil e homens até R$ 12 mil. Em uma mesma propriedade, é possível somar até R$ 35 mil. As regras incluem juros reduzidos de 0,5% ao ano, prazo de até três anos para pagamento e bônus de adimplência que garante desconto de 40% para quem quitar as parcelas em dia.
Mais de 12 mil contratos já assinados
Na sequência, Fabiano Coutinho questionou o ministro sobre os resultados já alcançados no Norte: “Já foram assinados mais de 12 mil contratos na região. Que resultado o senhor já consegue destacar para a agricultura familiar?”
Waldez Góes explicou que o Agroamigo se diferencia porque utiliza fundos constitucionais, que antes financiavam apenas grandes projetos, para apoiar agora os pequenos produtores. Ele ressaltou que o programa faz parte de um conjunto maior de ações, incluindo o Plano Safra da Agricultura Familiar, que registrou crescimento de mais de 45% na aplicação de recursos no atual governo.
O ministro também destacou o uso de novas ferramentas tecnológicas e organizacionais. Segundo ele, o governo mobiliza prefeituras, cooperativas e associações, além de realizar mutirões em parceria com a Caixa Econômica Federal e operadores de crédito habilitados.
“A lógica do presidente Lula é a gente chegar nas pessoas. Se antes o agricultor tinha que ir ao banco, hoje o banco e os agentes de crédito vão até ele. Isso é feito com mutirões, operadores de crédito e até pelo aplicativo Conquista Mais, que permite solicitar o financiamento direto pelo celular ou pela internet”, explicou.
Nova rota Brasil–China
Outro ponto de destaque foi a primeira viagem de um navio ligando Zhuhai, na China, ao porto de Santana, no Amapá. O ministro ressaltou que a rota deve impulsionar a exportação de soja, café, mel, cacau, açaí e outros produtos da biodiversidade amazônica.
Além de abrir novos mercados, a logística pelo Arco Norte reduz custos de transporte e tempo de viagem. Góes explicou que a parceria foi construída em articulação com a embaixada chinesa e com base em memorandos de cooperação firmados entre Brasil e China.
Indústria e bioeconomia na Amazônia
Waldez Góes também defendeu que a Amazônia precisa agregar valor à produção local, industrializando itens como cacau, café, castanha e pescado. Ele citou a assinatura de um acordo de cooperação técnica com a Agência Brasileira de Desenvolvimento da Indústria (ABDI), que busca incentivar estratégias de industrialização na região.
“O ideal é que o produtor amazônico não seja apenas fornecedor de matéria-prima, mas que participe do beneficiamento, gerando emprego e renda local”, afirmou o ministro.
Desafios ambientais e resíduos sólidos
A entrevista também abordou os desafios da gestão de resíduos sólidos, especialmente às vésperas da COP30, que acontecerá em Belém (PA). Góes destacou que a Amazônia recicla menos de 3% do que produz e apontou o saneamento e o tratamento de resíduos como um dos maiores problemas ambientais da região.
Segundo ele, o governo federal criou o Fundo de Desenvolvimento Regional Sustentável (FIDIS) para apoiar projetos municipais e estaduais de resíduos sólidos, além de lançar um Atlas inédito sobre gestão de resíduos, que identifica áreas estratégicas para políticas públicas.
“Precisamos olhar os resíduos sólidos como oportunidade econômica. A reciclagem pode gerar emprego, renda e melhorar os indicadores de saúde e meio ambiente”, enfatizou.
O que você precisa saber
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O Agroamigo agora é política pública permanente.
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Mais de 12 mil contratos já foram assinados no Norte.
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O programa chega à Amazônia com condições especiais de crédito.
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Primeira viagem da rota Zhuhai-Santana aproxima produtos amazônicos do mercado chinês.
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Fundo FIDIS e Atlas de resíduos sólidos vão apoiar estados e municípios.
Assista na ítegra o programa: