Uma pesquisa lançada pelo Instituto Marielle Franco (IMF), em parceria com outras organizações, revela a escala da violência digital direcionada a mulheres negras no cenário político brasileiro. O estudo, intitulado “Regime de ameaça: a violência política de gênero e raça no âmbito digital (2025)”, foi divulgado em um evento na Câmara dos Deputados, em Brasília, e mostra que esses ataques são sistêmicos e coordenados.
Os dados coletados indicam que 71% das ameaças registradas incluem menções de morte ou estupro. De forma alarmante, 63% das ameaças de morte fazem referência direta ao assassinato da vereadora Marielle Franco. Este padrão de violência simbólica busca afastar as mulheres negras da vida pública, transformando o feminicídio em um aviso brutal para quem ousa disputar poder.
As principais vítimas dessa violência são mulheres negras, cis, trans e travestis, além de membros da comunidade LGBTQIA+, ativistas, parlamentares e defensoras de direitos humanos. Para a diretora executiva do IMF e filha de Marielle, Luyara Franco, essa violência é também um ataque à democracia. O levantamento, que contou com a colaboração de diversas entidades, como o Instituto Alziras e o portal AzMina, serve como base para ações concretas de proteção e responsabilização de agressores e plataformas digitais.
A pesquisa faz recomendações para combater o problema, como a criação de uma Política Nacional de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça. O objetivo é que a publicação direcione ações do Estado, do Legislativo e da sociedade civil para garantir a segurança dessas mulheres na política.
O que é o Instituto Marielle Franco
Criado em 2019 pela família de Marielle, o Instituto Marielle Franco é uma organização sem fins lucrativos. Sua missão é defender a memória da vereadora, multiplicar seu legado e apoiar mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas a buscarem um mundo mais justo e igualitário.