O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), requereu ao Ministério da Justiça a extradição de Eduardo Tagliaferro, seu ex-assessor no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-assessor foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na última sexta-feira (22) por vazar para a imprensa conversas entre servidores do STF e do TSE.
Tagliaferro foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE e deixou o Brasil após o início das investigações. Segundo o Ministério da Justiça, o pedido de extradição já foi encaminhado ao Itamaraty.
Acusações e motivação do vazamento
Tagliaferro é acusado de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação penal sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
As conversas vazadas, que tratavam de relatórios sobre alvos de inquérito, foram publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo em agosto de 2024. Segundo a denúncia, o vazamento teve o objetivo de colocar em dúvida a imparcialidade do STF e do TSE.
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-assessor admitiu o vazamento em mensagens obtidas pelos investigadores. O procurador-geral, Paulo Gonet, descreveu o ato como uma “estratégia para incitar a prática de atos antidemocráticos e tentar desestabilizar as instituições republicanas”.
Ameaça de novas revelações
A denúncia da PGR foi apresentada após Tagliaferro ameaçar, em entrevista, revelar mais informações sigilosas. Ele também lançou uma campanha de arrecadação de fundos para financiar seu objetivo.
Para Gonet, a entrevista é uma prova de que o ex-assessor aderiu a uma organização criminosa que busca desestabilizar as instituições brasileiras.