O diretor global da NDC Partnership, Pablo Vieira, anunciou que mais de 180 países devem apresentar suas metas climáticas atualizadas antes da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O evento, que vai acontecer em novembro, será em Belém. A declaração foi feita durante a abertura da Rio Climate Action Week.
As metas, conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), são instrumentos do Acordo de Paris para limitar o aquecimento global. Segundo Vieira, embora apenas 29 NDCs estejam na mesa atualmente, a expectativa é que o número aumente consideravelmente, pois muitos países buscam elaborar compromissos com mais qualidade e realismo.
Cientista alerta para ponto de não retorno na Amazônia
No mesmo evento, o cientista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, expressou grande preocupação com o aquecimento global. Ele alertou que a floresta amazônica está perigosamente perto de um “ponto de não retorno” devido à interação entre desmatamento, degradação, incêndios e o aquecimento do planeta.
Nobre citou secas recentes e severas que têm diminuído a reciclagem de água na região. O pesquisador indicou que, se o desmatamento continuar e o aquecimento global ultrapassar 2ºC, a Amazônia pode se autodegradar em 70% em 30 ou 50 anos, tornando-se um ecossistema semelhante a uma savana e liberando uma grande quantidade de gás carbônico na atmosfera.
A voz dos povos indígenas sobre as mudanças climáticas
Taily Terena, cientista social e antropóloga indígena, também participou da Rio Climate Action Week e compartilhou sua experiência pessoal com os impactos das secas. Nativa do povo Terena, no Mato Grosso do Sul, ela descreveu como a falta de água no Pantanal afetou sua rotina e a das comunidades indígenas, com as lagoas secando e a morte de peixes por conta do calor extremo.
Para Taily, a realização da COP30 no Brasil é uma oportunidade crucial para o país demonstrar sua liderança na proteção das florestas. Ela enfatizou a importância de a sociedade civil brasileira e os movimentos sociais cobrarem mais ações dos setores público e privado para a implementação de leis de proteção ambiental.