Em meio às explosões e ao caos da Guerra do Vietnã, um garoto de apenas 12 anos corria sem medo em direção ao front.
Era Lo Manh Hung, apelidado de Jimmy, que acompanhava o pai fotojornalista e registrava cenas que até mesmo profissionais experientes hesitavam em captar.
Nascido em Saigon, Jimmy cresceu em um país em conflito. O pai, Lo Vinh, era fotógrafo freelancer, e o filho logo passou a segui-lo. “Ele podia fotografar qualquer coisa. Nada o assustava”, recorda a irmã Quyen.
O jovem fotógrafo desenvolveu técnica, agilidade e coragem, o que lhe permitiu capturar imagens impactantes, vendidas depois para publicações internacionais. Apesar da pouca idade, tornou-se o principal provedor da família quando o pai sofreu um acidente.
Um olhar único no front
Por ser tão jovem, Jimmy despertava curiosidade entre soldados e conseguia acesso que outros fotógrafos não tinham. Mas sua ousadia também o colocava em risco: chegou a ser baleado por um fuzil AK-47 e, mais tarde, ferido por estilhaços de artilharia. Ainda assim, sempre voltava ao trabalho.
Uma de suas imagens mais marcantes teria sido feita durante a batalha de An Loc, mostrando civis desesperados tentando subir em helicópteros sob intenso fogo inimigo.
Em casa, o trabalho era coletivo: enquanto Jimmy fotografava, sua mãe revelava os negativos e os irmãos ajudavam a distribuir as imagens para os jornais.
Do Vietnã aos Estados Unidos
Com a queda de Saigon em 1975, Jimmy e seus irmãos fugiram do país em busca de sobrevivência. Após um período em um campo de refugiados em Guam, ele conseguiu chegar aos Estados Unidos, onde passou a viver na Califórnia.
Embora nunca tenha alcançado nos EUA a mesma projeção que tinha no Vietnã, manteve-se fiel à fotografia, abrindo seu próprio laboratório e registrando imagens até o fim da vida.
Em 2018, pouco após visitar novamente o Vietnã, Jimmy faleceu de insuficiência cardíaca.
Seu legado permanece tanto na contribuição ao jornalismo de guerra quanto na história de resistência e união de sua família.