As torcidas dos bois Caprichoso e Garantido, do tradicional Festival de Parintins, no Amazonas, se uniram em um desafio para coletar assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular (Plip) Amazônia de Pé. O objetivo era reforçar a proteção das florestas públicas da Amazônia Legal.
A campanha, batizada de Disputa dos Bumbás, durou três meses e resultou na coleta de mais de 10 mil assinaturas. O Boi Caprichoso, de cor azul e branco, foi o vencedor, alcançando mais de 6,5 mil assinaturas. Pela vitória, o boi recebeu um prêmio de R$ 40 mil.
Segundo o presidente do Conselho de Arte do Caprichoso, Ericky Nakanome, a iniciativa vai além do prêmio e “legitima o compromisso dos bois de Parintins e, nesse caso em especial, do Boi Caprichoso, com todas as questões referentes às mudanças climáticas, à crise climática.”
Sobre o projeto Amazônia de Pé
O projeto de lei de iniciativa popular Amazônia de Pé visa tornar obrigatória a destinação de áreas públicas da Amazônia Legal para a conservação ambiental e a justiça social. A proposta também impede que essas terras sejam registradas no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) por pessoas físicas ou jurídicas, combatendo a grilagem.
Com a ajuda da Disputa dos Bumbás, o projeto já somou 300 mil assinaturas. A coleta continua aberta, mas exige assinaturas físicas, que podem ser entregues em pontos de coleta ou enviadas pelos correios. A meta é atingir 1,5 milhão de assinaturas, o que representa 1% do eleitorado nacional.
Kaianaku Kamaiurá, coordenadora do movimento Amazônia de Pé, reforça que a mobilização das torcidas de Parintins é um sinal claro de que a população local se identifica com a floresta. “É um recado claro para a sociedade e para o governo. A defesa da floresta e a destinação correta das florestas públicas precisam ser feitas urgentemente, e a voz da Amazônia precisa ser ouvida e respeitada”, disse.
Ericky Nakanome também ressaltou que a população amazônica continuará mobilizada para garantir a proteção das terras. “Os bumbás não são feitos apenas por arte ou material, são feitos de pessoas que vivem nesse ambiente e cantam, declamam, e acima de tudo, em todos os dias do ano, sofrem as consequências de uma crise climática e da falta de políticas públicas”, concluiu.