O inverno amazônico, ao contrário do ano passado em que a seca dos rios, a falta de chuvas e as queimadas ditaram as regras na Região Norte, este ano, apesar do calor que tem feito em alguns dias, principalmente na segunda semana de agosto, a tendência tem revelado um ano atípico. Tem muito a ver com a ausência dos fenômenos climáticos (El Niño e La Niña) que, até o momento, segundo estudos meteorológicos, se mantêm em neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial.
A estação do inverno predomina, mas, ao contrário do que muitos pensam a respeito dessa estação, nesta parte do país, ela se caracteriza pela redução drástica das chuvas. Também entram em cena as altas temperaturas, a seca dos rios e fenômenos climáticos, hoje observados com maior frequência, como a baixa umidade relativa do ar, que tem trazido efeitos negativos para a saúde da população.
Para os próximos dez dias, segundo informações da Meteorologia do Sul (MetSul), nas áreas ao sul do Amazonas, as precipitações continuarão bastante reduzidas. Isso implica em Rondônia, principalmente no município de Porto Velho, que também nesta época sofre com as altas temperaturas e a escassez de chuvas. “Ocorre que, a despeito do verão amazônico, tem chovido mais do que o normal em muitas áreas, em particular em Roraima e partes do Amazonas e do Pará. Nos próximos dez dias, as precipitações podem ser volumosas para esta época do ano no Amazonas e Roraima”, explica a meteorologista Estael Sias.
Embora a estação tenha se comportado de forma atípica, alguns efeitos climáticos, em virtude das mudanças, voltam a surgir este mês. É o caso da baixa umidade relativa do ar, que teve índices bem ruins entre os dias 15 e 18. Desta vez, Rondônia enfrentará um fenômeno já conhecido: as altas temperaturas. Uma massa de ar seco vem cobrindo o centro-norte do país. Ela vai se intensificar no decorrer dos dias, afetando estados e municípios com temperaturas que poderão alcançar em torno de 40ºC.
Estael Sias, da MetSul, explica o evento provocado por uma “bolha de calor” ou “domo”, “ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor e têm ar descendente. Isso comprime o ar no solo e, através da compressão, aquece a coluna de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma região por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo, assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor estará com o seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil”.
Atenção para os municípios mais ao sul e sudoeste, como Cacoal, onde a temperatura poderá atingir os 40ºC. A MetSul volta a alertar a população dos estados da Região Norte. “Rondônia, Pará e parte do estado do Amazonas devem ter amplas áreas com máximas acima de 35ºC e vários pontos em que as temperaturas durante a tarde devem ficar próximas dos 40ºC, atingindo e superando os 40ºC em alguns pontos”, finaliza.