Eram por volta das 16h no horário de Rondônia (17h em Brasília), oito horas depois de um período eleitoral aberto, quando a votação se encerrou na Bolívia. As eleições de domingo (17) promoveram a escolha do presidente e do Congresso por 7,9 milhões de bolivianos. Foi uma eleição acirrada, disputada voto a voto por candidatos de direita como Samuel Doria Medina e Tuto Quiroga, outro ex-presidenciável boliviano que almeja o poder, representando uma parcela com forte presença indígena.
Inesperadamente, o senador Rodrigo Paz, do Partido Demócrata Cristão (PDC) de Tarija, vence a eleição e vai para o segundo turno, em um resultado histórico que desbanca o empresário Samuel Doria Medina.
O jornal eletrônico El Deber noticiou com surpresa a manchete: “O senador de Tarija surpreendeu a todos ao ficar em primeiro lugar com 31,6% dos votos válidos, seguido por Jorge Quiroga (27,1%)”. Samuel Doria Medina ficou em terceiro, fora do segundo pleito, com 19,5%.
Também pontua o jornal: o quarto lugar corresponde a Andrónico Rodríguez, da Aliança Popular, com 8,2%, seguido de Manfred Reyes Villa (7,1%), Eduardo Del Castillo (3,2%), Jhonny Fernández (1,5%) e Pavel Aracena (1,4%). Por fim, o El Deber acrescenta: “Com estes resultados, a Bolívia se encaminha para um segundo turno eleitoral no próximo dia 19 de outubro, no qual se enfrentarão duas lideranças da oposição. Será a primeira vez na história democrática recente que o Movimiento al Socialismo (MAS) não estará representado no segundo turno presidencial.”
Os analistas políticos concordam que a ascensão de Paz reflete um fenômeno de voto cidadão que castigou a polarização e premiou uma alternativa diferente. Sua campanha austera, marcada por gasto reduzido em redes sociais, contrastou com os fortes investimentos de seus rivais e terminou capitalizando um voto de mudança.
Em uma eleição marcada por tensões e agressões, incluindo ataques verbais e físicos contra o candidato de esquerda Andrónico Rodríguez, do Partido Aliança Popular (PAP), este foi recebido com chuva de pedras no reduto eleitoral de Evo Morales (2006-2019). Seus opositores o chamavam de “traidor”, mas, para a esquerda, Rodríguez representava a última esperança de manter-se no poder.
O candidato de 36 anos, presidente do Senado, era o mais bem posicionado entre os nomes da esquerda. Já Eduardo del Castillo del Carpio tentou entrar no páreo, mas não obteve apoio expressivo. Mesmo que direita ou esquerda vença, a oposição não terá maioria e Evo Morales seguirá como figura central, mesmo impedido de concorrer — acusado de estupro e já barrado anteriormente pelo Tribunal Constitucional.
Independentemente disso, as eleições na Bolívia terão segundo turno em 19 de outubro entre Rodrigo Paz e Tuto Quiroga. Os bolivianos apostam tudo ou nada. Além disso, demonstram um rechaço à esquerda que elegeu Evo Morales, o primeiro presidente indígena da história do país. Após conflitos internos, até o atual presidente Luis Arce (MAS) perdeu força, contribuindo para a desmobilização do partido.
Para o jornal eletrônico El Deber, as eleições gerais de 2025 são consideradas por analistas como as mais importantes do novo milênio, pois poderão marcar uma mudança de rumo político depois de quase duas décadas de hegemonia do MAS.