Após denúncias do influenciador Felca Bress, que trouxeram à tona os riscos para crianças e adolescentes nas redes sociais, a discussão sobre a proteção de menores em ambientes virtuais ganhou força. A falta de regulamentação sobre o uso da imagem de menores nesse espaço virtual chocou a sociedade e provocou a reação do Congresso Nacional e da Presidência da República.
Especialistas ouvidos pela Agência Brasil orientam pais e responsáveis sobre como proteger crianças e adolescentes. A escritora e ativista Sheylli Caleffi destaca a importância de conhecer e respeitar a classificação indicativa de cada plataforma. O Instagram, por exemplo, não é recomendado para menores de 16 anos, enquanto TikTok e WhatsApp não devem ser usados por menores de 13.
Cuidados na exposição e adultização
Segundo Caleffi, os pais devem verificar a idade informada nas contas e garantir que os perfis de menores sejam privados. Isso impede que pessoas desconhecidas tenham acesso ao conteúdo e enviem mensagens. Ela alerta que mesmo as fotos postadas pelos próprios familiares podem colocar as crianças em risco, já que “redes sociais são redes de comércio” e as imagens podem ser retiradas do contexto original por criminosos.
As denúncias também evidenciaram a adultização de crianças nas redes, ou seja, a exposição em contextos de adultos. Caleffi afirma que isso pode ter sérios danos psicológicos e que pais devem moderar o que os filhos acessam, além de ter conversas francas sobre os perigos online. Ela sugere o uso de aplicativos de mediação parental para controlar o tempo de tela e monitorar o que os menores estão acessando.
O papel da sociedade na proteção
A professora Vládia Jucá, da Universidade Federal do Ceará (UFC), reforça que a proteção de crianças e adolescentes é uma responsabilidade de toda a sociedade, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A chamada Rede de Assistência e de Proteção à Criança e ao Adolescente, que envolve escolas, equipamentos de saúde, assistência social e o poder judiciário, precisa atuar em conjunto.
Jucá ressalta a importância de fortalecer essa rede e os equipamentos públicos, que muitas vezes enfrentam falta de infraestrutura. Ela destaca que a educação e a saúde têm um papel crucial, e que é fundamental escutar as crianças e adolescentes para identificar possíveis problemas. Para denunciar casos de abuso ou exploração, o Disque 100 está disponível 24 horas por dia, de forma gratuita.