O ex-vice-presidente dos Estados Unidos e ativista ambiental Al Gore classificou a postura de seu país sobre a crise climática como “esquizofrênica”. A declaração foi feita no Rio de Janeiro, durante um evento do The Climate Reality Project. Gore destacou que o compromisso com a redução de gases do efeito estufa tem mudado a cada novo presidente. Ele citou a saída dos EUA do Acordo de Paris com Donald Trump, o retorno com Joe Biden e a nova retirada anunciada por Trump em seu segundo mandato.
Gore lamentou a falta de liderança dos Estados Unidos e elogiou a União Europeia, que tem crescido em seu potencial de liderança. O ativista afirmou que seria muito melhor se os EUA restaurassem seu compromisso com os valores humanos e seguissem no caminho certo.
Críticas a Trump e o futuro da COP30
O ativista democrata também criticou a ofensiva comercial e política de Trump contra o Brasil, mas disse não acreditar que isso vá atrapalhar a participação de governos subnacionais dos EUA na 30ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém.
Gore classificou as declarações de Trump sobre o Brasil como “mentiras descaradas”, especialmente a afirmação de que os EUA teriam um déficit comercial com o Brasil, quando, na verdade, têm um superávit.
Capitalismo e poluição por plásticos
Questionado se a redução de poluentes seria possível sem uma reestruturação do sistema capitalista, Al Gore afirmou que o capitalismo pode ser parte da solução. Ele ressaltou que 85% do dinheiro investido em energia renovável no ano passado veio de fontes de capital privado. Para ele, o desafio é fazer a transição energética a tempo, apesar da oposição de poluidores e de políticos como Trump.
Sobre o fracasso nas negociações de um tratado contra a poluição por plásticos em Genebra, Gore disse que isso demonstra o poder da indústria de combustíveis fósseis, que usa sua influência para ditar decisões políticas. Ele finalizou afirmando que é crucial que a sociedade civil se mobilize para retomar o controle do próprio destino e não permitir que poluidores escrevam as regras.