O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder chinês, Xi Jinping, se reuniram em um telefonema para discutir o fortalecimento das relações comerciais e criticar a recente política de tarifas protecionistas dos Estados Unidos. A conversa de uma hora, realizada na noite de segunda-feira (11), focou em novas oportunidades de negócios, especialmente diante do “tarifaço” imposto por Donald Trump ao Brasil e a outros parceiros.
Xi Jinping afirmou que a China busca ser um exemplo de “unidade e autossuficiência” no Sul Global. Ele defendeu que os países se unam para “se opor resolutamente ao unilateralismo e ao protecionismo”. Os presidentes concordaram sobre o papel do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo e na construção de consensos.
Fortalecimento da Parceria e Retaliação dos EUA
A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Os dois líderes se comprometeram a expandir a cooperação em áreas como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites. A conversa ocorre em um momento de tensão comercial com os Estados Unidos, que em julho elevou a tarifa sobre produtos brasileiros para 50%. A medida foi uma retaliação a decisões brasileiras que, segundo Trump, prejudicariam as “big techs” americanas, além de ser uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O governo brasileiro está elaborando um plano de contingência para auxiliar os setores afetados pelas tarifas, incluindo a concessão de crédito e o aumento das compras governamentais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o Brasil tem buscado diversificar suas parcerias, já que a participação dos Estados Unidos nas exportações brasileiras caiu de 25% para 12%.
Durante o telefonema, Lula também pediu a intermediação de Xi Jinping para a retomada da compra de pé de frango pela China, após o Brasil recuperar seu status de país livre de gripe aviária. Os líderes ainda abordaram a guerra na Ucrânia e a próxima 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA).