A pouco mais de um mês do SBC Summit Lisboa, o debate sobre compliance e verificação de identidade (KYC) ganha relevância estratégica no setor de cassino online. Em entrevista recente ao podcast Road to Lisbon, Bárbara Teles, diretora jurídica e de compliance da Stake Latam e cofundadora da Associação de Mulheres da Indústria do Gaming (AMIG), compartilhou sua visão sobre como o setor bancário pode inspirar soluções mais eficazes, seguras e inclusivas para o iGaming.
Segundo Bárbara, a adaptação do KYC às realidades locais é indispensável. No Brasil, por exemplo, apesar da grande variedade de documentos aceitos como identificação em diferentes serviços, apenas alguns são validados no processo de verificação em plataformas de apostas.
A exigência de reconhecimento facial periódico, embora necessária para a segurança, ainda esbarra em limitações tecnológicas de uma parte da população, o que pode gerar exclusão. Ela alerta: “Nem todo mundo tem um celular com câmera boa. E isso não pode ser motivo para impedir uma pessoa de acessar uma plataforma regulamentada”.
Nesse cenário, operadoras que priorizam uma jornada de usuário eficiente e confiável se destacam. Uma pesquisa recente sobre experiência do usuário divulgada por cassino mostra como a facilitação do registro e verificação, semelhantes à experiência de compra online, oferecem um sistema de cadastro intuitivo, com validação de conta bancária rápida e transações financeiras instantâneas. A central de ajuda é outro diferencial para os cassinos legalizados, na qual a bet compartilhou uma taxa de resolução superior a 99% desde dezembro de 2024.
Enquanto os cassinos investem em experiência do usuário e adequação regulatória, o setor também enfrenta novas restrições legais. Em maio de 2025, o Senado Federal aprovou mudanças importantes na forma como as apostas podem ser anunciadas no Brasil. O Projeto de Lei 3.626/2023 determinou, entre outras medidas, que as campanhas publicitárias não podem ser dirigidas a menores de 18 anos e não podem ser veiculadas em eventos ou mídias voltadas a esse público. Expressões como “ganhe dinheiro fácil” e outras que associem apostas ao sucesso pessoal também estão proibidas, assim como o uso de influenciadores sem aviso claro sobre o conteúdo comercial.
A entrevista de Bárbara Teles antecipa os principais eixos de discussão do SBC Summit Lisboa: compliance estratégico, responsabilidade social, inovação tecnológica e diversidade de vozes na construção de um mercado de apostas mais sólido e inclusivo. A experiência do setor bancário, o avanço da regulamentação e o compromisso com a transparência formam o tripé essencial para consolidar a confiança dos usuários e preparar o iGaming brasileiro para o futuro.