A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (7) que seu conselho de administração aprovou o retorno da empresa ao negócio de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha. A estatal havia se retirado do setor no governo anterior, quando vendeu a sua subsidiária, Liquigás, para grupos privados em 2020. No comunicado, a Petrobras não especificou os detalhes de como se dará essa volta ao mercado.
A decisão estratégica ocorre em um contexto de preocupação do governo federal, principal acionista da empresa, com o alto preço do botijão para os consumidores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, criticou em maio o preço final do produto, que chega a R$ 140 para as famílias, apesar de a Petrobras vender a R$ 37. Ele reconheceu o custo do transporte, mas considerou a margem de lucro excessiva.
Apoio dos trabalhadores e histórico da privatização
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) manifestou apoio à decisão, classificando-a como uma vitória dos trabalhadores. A entidade argumenta que as reduções de preço nas refinarias não são repassadas integralmente ao consumidor final pelos distribuidores. A volta da Petrobras ao setor poderia, segundo a FUP, ajudar a equilibrar o mercado.
No governo anterior, a privatização da Liquigás em 2020 foi justificada pelo então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, como uma forma de a estatal focar na redução de dívidas e na exploração de petróleo e gás em águas profundas. Na época, a Liquigás detinha 21,4% do mercado de gás de cozinha.
Paralelo com a distribuição de gasolina
A decisão de voltar à distribuição de gás de cozinha é estratégica, mas o conselho de administração da Petrobras não mencionou um possível retorno à venda direta de gasolina. No governo anterior, a estatal também vendeu a BR Distribuidora para a Vibra Energia, alegando o mesmo motivo de otimização de portfólio.
Em 2024, a Petrobras comunicou à Vibra que não renovaria a licença para o uso da marca BR após 2029. Em maio, a presidente da petroleira, Magda Chambriard, lamentou que postos com a bandeira BR vendessem combustíveis com preços que ela considerava injustos, apesar de a Petrobras ser apenas a fornecedora.