Em defesa da soberania brasileira, centrais sindicais, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e outros movimentos sociais realizarão manifestações em frente à embaixada e consulados dos Estados Unidos nesta sexta-feira, 1º de agosto. A data inicialmente marcaria a entrada em vigor do “tarifaço” imposto pelos EUA ao Brasil, que, segundo decreto assinado pelo presidente Donald Trump nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, foi adiado e passa a valer em sete dias, a partir de 6 de agosto.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, classificou o tarifaço como uma “agressão” e uma “interferência na soberania” do país. Ele ressaltou que o Brasil foi o único país a ter um elemento político explicitamente ligado às tarifas, indicando que a medida vai além de uma questão puramente comercial.
Reação Brasileira e Setores Prejudicados
Sérgio Nobre defende uma resposta firme do Brasil e avalia os setores que podem ser mais afetados pelas novas tarifas.
Segundo Sérgio Nobre, a resposta brasileira precisa ser “dura” e o país não pode “ceder à chantagem” dos Estados Unidos. Ele comparou a situação a um “moleque grande na escola” que tenta intimidar, sugerindo que uma não-resistência pode levar a futuras exigências. “Tem que ser duro, mostrar que o Brasil é um país grande, tem uma economia grande”, recomendou o presidente da CUT ao governo brasileiro. Ele também apontou que, embora os Estados Unidos sejam importantes, o Brasil possui mercados alternativos.
Nobre avalia que os setores brasileiros que poderão sentir os efeitos negativos mais imediatos do tarifaço são os de produção de madeira e de ferro-gusa, cuja fabricação é predominantemente voltada para exportação aos EUA. Contudo, ele ressalva que o Brasil já dispõe de mecanismos para evitar demissões de trabalhadores nessas áreas, como antecipação de férias, férias coletivas, antecipação de feriados e o emprego de layoff (suspensão ou redução temporária da jornada de trabalho e salário). O presidente da CUT afirmou que, até o momento, nenhuma empresa filiada à central procurou os sindicatos para informar demissões ou reduções de jornada em razão do tarifaço.
Pautas das Manifestações e Locais Confirmados
Os atos da próxima sexta-feira vão além da questão das tarifas, abordando diversas reivindicações sociais e políticas.
De acordo com Sérgio Nobre, os atos marcados pelas centrais para a próxima sexta-feira (1º) terão como reivindicações, além da defesa da soberania nacional, pautas como o fim da escala 6×1, isenção do imposto de renda para até R$ 5 mil, taxação dos super ricos, redução da jornada de trabalho, oposição ao PL da devastação, combate à pejotização irrestrita e o fim do genocídio em Gaza.
Até o momento, os atos estão confirmados nas seguintes capitais brasileiras:
São Paulo: 10h, no Consulado dos EUA.
Salvador: 15h, no Campo Grande.
Rio de Janeiro: 18h, no Consulado dos EUA.
Brasília: 9h, em frente à Embaixada dos EUA.
Porto Alegre: 18h, na Esquina Democrática.
Belo Horizonte: 17h, na Praça Sete.
Manaus: 16h, na Praça da Polícia/Palacete Provincial.
Recife: 15h30, na Praça do Derby.
Florianópolis: 19h30, na Praça da Alfândega.