A Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, foi excluída da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Aeronaves, motores, peças e componentes de aviação foram incluídos na lista de cerca de 700 produtos considerados exceções à medida. Para a empresa, a liberação é um reconhecimento da importância estratégica de suas atividades tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. As ações da companhia valorizaram 10,93% nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, em São Paulo, após o anúncio.
A Embraer expressou seu posicionamento em nota: “Continuamos acreditando e defendendo firmemente o retorno à regra de tarifa zero para a indústria aeroespacial global”. A empresa complementou que “mais importante ainda, apoiamos o diálogo contínuo entre os governos brasileiro e norte-americano e permanecemos confiantes em um resultado positivo para os dois países”.
Impacto da Tarifa e Valores Envolvidos
A taxação imposta inicialmente pelos EUA teria um impacto significativo nas vendas da Embraer e nas exportações brasileiras.
Na semana passada, a Embraer informou que a tarifa de 50% elevaria o preço de cada avião vendido aos EUA em cerca de R$ 50 milhões, o que inviabilizaria a venda. Considerando o período até 2030, o impacto poderia chegar a R$ 20 bilhões em tarifas. Em nota, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) calcula que os 694 produtos excluídos da Ordem Executiva representam US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras em 2024, o que corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões exportados pelo Brasil para os EUA. Somente o setor de aeronaves vendeu US$ 2 bilhões no ano passado, com metade desse valor referente a aeronaves leves, principal produto da Embraer. É importante ressaltar que, desde 2 de abril, os produtos da Embraer já estavam taxados em 10%, e essa alíquota permanecerá em agosto.
Justificativas dos EUA para a Taxação
O presidente Donald Trump justificou a tarifa de 50% com base em alegações de ameaças à segurança nacional e violações de direitos humanos.
Na Ordem Executiva que elevou a tarifa para os produtos brasileiros em 50%, Trump argumentou que o Brasil representa uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional dos EUA, classificação semelhante à adotada contra países considerados hostis a Washington, como Cuba, Venezuela e Irã. O documento afirma que o Brasil estaria perseguindo, intimidando e censurando “o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores”, o que configuraria “graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil”. Além do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, medidas do governo brasileiro em relação a plataformas digitais e decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foram citadas como justificativas para as tarifas. O texto americano acusa Moraes de abusar de sua autoridade judicial “para atingir oponentes políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, muitas vezes em coordenação com outras autoridades brasileiras”, citando confisco de passaportes, prisões sem julgamento e multas a empresas por não cumprirem “exigências ilegais de censura”.