O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, encontrou-se nesta terça-feira, 29 de julho de 2025, com representantes de grandes empresas norte-americanas como Meta, Google, Amazon, Apple, Visa e Expedia. A reunião acontece poucos dias antes do previsto início do tarifaço de 50% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos, em um momento crucial para o governo brasileiro tentar negociar e evitar as sanções.
Convergência e Pauta das Big Techs
Geraldo Alckmin destacou o interesse em avançar nas convergências, afirmando que há “muito mais convergência do que divergência” entre as partes. Esta é a segunda reunião do vice-presidente com as chamadas big techs desde o anúncio das taxações contra o Brasil, há quase três semanas. Segundo Alckmin, as empresas apresentaram uma pauta que engloba temas como “ambiente de regulatório, oportunidade econômica, inovação tecnológica e segurança jurídica”.
O vice-presidente mencionou a proposta de criação de uma mesa de trabalho e exemplificou, ao falar de oportunidade econômica, que o Brasil “vai ser o campeão de data center”. Questionado sobre a evolução da discussão da regulação das big techs no Brasil, Alckmin adotou um tom cauteloso, indicando que o governo não tem pressa. Ele ressaltou a importância de aprender com as experiências internacionais e de dialogar com o setor, buscando verificar legislações comparadas.
Diálogo com os EUA e Tarifas
Os interesses das empresas de tecnologia dos EUA no Brasil são um ponto central da carta que Donald Trump enviou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início do mês, ao anunciar o tarifaço. No documento, Trump determinou a abertura de uma investigação sobre o que chamou de “ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas”.
Alckmin informou que a reunião com as big techs foi acompanhada, via videoconferência, por um representante da Secretaria de Comércio dos EUA, cujo nome não foi revelado. Essa participação foi um pedido do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em uma conversa com Alckmin na segunda-feira.
O vice-presidente reiterou o empenho em evitar a imposição da tarifa de 50%, que considera “totalmente injustificável”. Ele argumentou que, entre os grandes países do mundo, o Brasil é um dos três (junto com Reino Unido e Austrália) com os quais os Estados Unidos mantêm superávit comercial. Além disso, Alckmin destacou que, dos dez produtos mais exportados pelos EUA para o Brasil, oito têm alíquota de importação zero.
Outros Encontros Setoriais
Além do encontro com as big techs, o vice-presidente também se reuniu nesta terça-feira com representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O estado do Rio de Janeiro é um importante exportador de petróleo e aço para o mercado norte-americano.
Alckmin também recebeu o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e representantes empresariais do estado. O Ceará se destaca por ser o estado que mais exporta, em termos proporcionais, para os Estados Unidos, com mais de 40% de suas vendas externas destinadas ao país, incluindo produtos como aço, ferro, pescado, crustáceos, máquinas e calçados.