Determinados modelos de desenvolvimento na Amazônia, exercem uma profunda hostilização aos valores humanos, e como consequência, as identidades culturais são extintas, enquanto uma fronteira que outrora foi habitada e protegida pelos guardiões da floresta, veio a se tornar um caminho aberto ao ilícito. A morte em vida é também a perda do pertencimento de uma coletividade que foi desapossada do seu imaginário. A terra atual não devolverá jamais esta extinção do mundo simbólico.
O brasiviano foi assim hostilizado
E escorraçado de seu mais autêntico lugar
O Estado precisou se mascarar
Para ter um coletivo arruinado
Um olhar violento institucionalizado
Fez a alma perder sua alteridade
Matou-se uma secular identidade
Assassinando do ente, o seu ser
Esfacelaram a cultura do bem viver
E o singular imaginário da coletividade
A poética fenomenológica do viver foi construída no sentido de mostrar a morte de algo que muitos não conseguem enxergar, que é justamente a morte do ser e do imaginário estetizante. A dor dos brasivianos foi algo que somente eles sentiram. Mas através de uma pesquisa participante este pesquisador muitas
A coletividade brasiviana do rio Mamu deixou seu lugar e junto com ele, deixou o seu tudo. Os modos de vida das populações tradicionais e originárias da Pan – Amazônia precisa ser melhor atendida e carece de políticas públicas que atendam suas verdadeiras necessidades. Ao se impor um modelo de desenvolvimento de cima para baixo, sem dialogar com os atores de uma população originária ou tradicional da Amazônia, é certamente, provocar uma mutilação identitária, ou anunciar, infelizmente, o seu mais brutal etnocídio.
Os modos de vida foram desconstruídos
Os seringueiros não são mais brasivianos
As ações de campesinos-milicianos
Os tornaram no Ser despossuídos.
Os seringais pelos mitos foram esquecidos
E os seringueiros noutro espaço viverão.
Em decorrência da horripilante expulsão
Os ribeirinhos se tornaram novos atores
Eles agora são pequenos produtores
Em consequência da desterritorialização.
A Amazônia do Noroeste pandino boliviano teve uma coletividade que foi vítima de um modelo de desenvolvimento geopolítico de fronteira xenófobo e excludente que se tornou extremamente violentador do homem e de sua peculiar cultura. Uma cultura que teve a sua origem no sertão nordestino e atravessou séculos para ter uma identidade consolidada e que em pouco tempo foi ameaçada e destruída. Hostilizados, homens, mulheres e crianças foram hostilizados por um Estado que deveria os proteger. Eles foram brutalmente despossuídos do seu ser e condenados a uma vida hostil e horripilante.
Uma coletividade de laços culturais seculares tornou-se marginalizada, violentada e desalojada do seu lugar tradicional. Seus modos de vida foram desconstruídos e suas vidas banidas em detrimento a um nacionalismo estatal desmoralizante.
Os seringueiros brasivianos
Foram desterritorializados
No Ser, tornaram-se minimizados
Entre promessas e desenganos
Atos profundamente desumanos
Destruíram históricos modos de vida
O lugar ruiu na despedida
Em estado de invisibilidade
Exterminou-se uma autêntica identidade
De uma vida que será reconstruída
Os guardiães da floresta e da fronteira Brasil-Bolívia foram escorraçados e seus seringais estão agora abandonados. O rio Mamu virou rota para o fortalecimento de ações ilícitas, e o narcotráfico internacional agradece imensamente por isso. Os seringueiros brasileiros construíram uma identidade brasiviana, e com a desterritorialização, os brasivianos estão se adequando a novos modos de vida, e construindo, quem sabe, uma identidade camponesa.