Os moradores do Projeto de Assentamento São Francisco, no sul do município de Canutama (AM), estão mobilizados para denunciar problemas crônicos de infraestrutura e abandono por parte do poder público. A localidade, situada a menos de 100 km de Porto Velho (RO), é habitada por trabalhadores rurais que vivem da agricultura familiar e da criação de animais, sendo peça importante no abastecimento regional.
Apesar da relevância socioeconômica, o PA São Francisco sofre com estradas em péssimas condições, que inviabilizam o escoamento da produção, o transporte escolar e o acesso a serviços essenciais. Embora projetos oficiais prevejam investimentos milionários entre 2018 e 2024 para pavimentação e drenagem, nenhuma obra efetiva foi vista no local, e as vias continuam praticamente intrafegáveis.
O transporte escolar é um dos pontos mais críticos. Moradores denunciam que ônibus circulam sem freio, com pneus carecas e atolam frequentemente, deixando crianças sem acesso às aulas por dias. A situação compromete o direito à educação e expõe os alunos a riscos constantes.
A saúde pública também é negligenciada. Faltam ambulâncias, equipes permanentes e postos estruturados, obrigando os moradores a percorrer longas distâncias em estradas precárias para atendimento básico. A energia elétrica, quando presente, sofre quedas frequentes, afetando a conservação de alimentos e a segurança da comunidade.
Outro ponto levantado é a ausência de diálogo entre o poder público e a população local. Líderes comunitários e associações afirmam que as decisões são tomadas sem qualquer consulta popular, e que os recursos públicos não se transformam em melhorias reais para o assentamento.
Apesar do cenário adverso, os moradores mantêm a resistência. A Associação dos Produtores Rurais do PA São Francisco (APRUC) tem atuado junto ao Ministério Público e a outros órgãos de controle, denunciando irregularidades e cobrando ações efetivas e legais.
A comunidade exige respeito, dignidade e o cumprimento da lei, ressaltando que a zona rural precisa ser valorizada com políticas públicas sérias e investimentos concretos, especialmente no Sul de Canutama, onde o abandono se torna invisível diante da distância e da falta de representatividade.