O recente tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos estratégicos da economia brasileira, especialmente do agronegócio, reacendeu críticas ao alinhamento ideológico entre Jair Bolsonaro e Donald Trump. Para o advogado e especialista em Ciência Política, Samuel Costa, a medida representa um grave erro estratégico da extrema direita e um duro golpe nas bases do ex-presidente.
“O agronegócio, setor majoritariamente simpático às políticas liberais e à retórica bolsonarista, agora colhe os frutos amargos de uma aliança forjada mais na ideologia do que na racionalidade econômica”, disse Costa. Para ele, Bolsonaro sacrificou a soberania nacional em nome de um alinhamento cego com Trump, o que agora se traduz em isolamento diplomático e prejuízo econômico.
O jurista também elogiou a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante do episódio. “Lula acerta ao se manter firme e não se curvar aos interesses do estrangeiro”, afirmou, destacando que o momento exige defesa intransigente da autonomia nacional, independentemente de simpatias partidárias.
Costa foi além e criticou duramente a conduta do ex-presidente: “É uma questão de tempo para que Bolsonaro e seus asseclas sejam responsabilizados judicialmente. A democracia não pode ser refém de aventuras autoritárias nem de conluios antinacionais”, declarou.
A fala repercute em meio à crescente insatisfação entre setores do agro e o governo norte-americano, escancarando os efeitos de uma política externa marcada por ideologização e ausência de pragmatismo. Diante da ofensiva tarifária, o governo Lula avalia medidas de retaliação e alternativas comerciais para proteger os produtores brasileiros.
Especialistas avaliam que o episódio marca uma virada de chave na política externa do Brasil, com foco na multipolaridade, soberania econômica e fortalecimento do protagonismo internacional do país.