O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quarta-feira (9), uma maior aproximação comercial entre o Mercosul e os países do Sudeste Asiático. A declaração foi feita em Brasília, durante a visita oficial do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto. O Brasil, que preside o Mercosul neste semestre, trabalhará por um acordo comercial com a Indonésia, quarto país mais populoso da Ásia.
Fortalecendo Laços Comerciais: Brasil e Sudeste Asiático
A visita de Prabowo Subianto ao Brasil, após sua participação na 17ª Cúpula do Brics no Rio de Janeiro, reforça a prioridade do Brasil em estreitar relações com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). A Asean, um bloco de 680 milhões de habitantes, apresenta um Produto Interno Bruto (PIB) agregado de US$ 4 trilhões, configurando a quarta maior economia do mundo.
Lula expressou seu desejo de consolidar esses laços na próxima cúpula da Asean, em outubro, na Malásia. O presidente indonésio, por sua vez, convidou Lula para uma visita de Estado ao seu país no mesmo período. Brasil e Indonésia mantêm uma parceria estratégica desde 2008, com cooperação em áreas como agricultura, finanças, educação, energia e mineração, além de erradicação da pobreza e promoção de comércio e investimento.
Ampliação do Comércio Bilateral e Cooperação em Setores Estratégicos
O Brasil, como presidente do Mercosul, priorizará um acordo com a Indonésia. Lula destacou os esforços para diversificar e ampliar o comércio bilateral, com ênfase nos setores de carne bovina e defesa. Em 2024, o fluxo comercial entre os dois países atingiu um recorde de US$ 6,34 bilhões, com as exportações brasileiras somando US$ 4,46 bilhões. A Indonésia já é o quinto maior destino dos produtos do agronegócio brasileiro.
“A Indonésia já é o quinto maior destino dos produtos do agronegócio brasileiro. Queremos facilitar o comércio de carne bovina brasileira, que pode contribuir para a segurança alimentar do povo indonésio. Conversamos sobre a diversificação do nosso intercâmbio comercial, incluindo nas áreas de aviação civil e de produtos de defesa”, afirmou Lula.
O Brasil também manifestou interesse em aprofundar o diálogo sobre minerais estratégicos para a transição energética, buscando inspiração no modelo indonésio de beneficiamento local desses recursos. Já a Indonésia almeja aprender com a experiência brasileira em biocombustíveis e agricultura. O presidente Subianto mencionou que Lula aceitou enviar equipes de especialistas para estudos em inovação e tecnologias agrícolas, além de demonstrar interesse em cooperação para transferência de tecnologias no setor de defesa, como mísseis e submarinos, e treinamento militar.
Alinhamento em Temas Globais e Sustentabilidade
Os dois presidentes reforçaram o alinhamento em importantes temas internacionais, como a defesa do diálogo para o fim da guerra na Ucrânia e a solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino. “Nossos países também têm denunciado incansavelmente as atrocidades cometidas contra a população palestina em Gaza”, declarou Lula, defendendo o reconhecimento do Estado palestino e seu ingresso pleno na ONU.
A cooperação entre Indonésia e Brasil se estende também ao combate à fome e à pobreza, e ao enfrentamento da mudança do clima. O governo indonésio, inclusive, se inspira no Programa Nacional de Alimentação Escolar brasileiro para implementar um amplo programa de alimentação escolar em seu país.
Na agenda de proteção florestal, os dois países, que abrigam grandes florestas tropicais, integram o grupo Unidos por Nossas Florestas e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que remunera países em desenvolvimento pela manutenção de suas florestas. Lula ainda ressaltou o potencial de ambos os países na produção de bioenergia, defendendo a criação de um mercado global de biocombustíveis e a definição multilateral de padrões de sustentabilidade.