O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 10 de julho de 2025, que o Brasil dispõe de uma série de medidas de retaliação comercial contra os Estados Unidos que não causarão impacto na inflação. O ministro reiterou que a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso em abril, permite ações não tarifárias e até algumas elevações de tarifas sem provocar aumento de preços no país.
“Ninguém está falando nisso [em medidas que gerem inflação], por enquanto. Há muitas medidas não tarifárias que podem ser pensadas. Há um rol enorme de medidas que estão sendo estudadas. Tem um grupo de trabalho, conforme eu disse. Nós precisamos de um tempo [para decidir], mas há muitas medidas não tarifárias. Há medidas tarifárias que não impactam a inflação”, disse Haddad.
As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos impactam, em tese, apenas os consumidores norte-americanos. No entanto, caso o Brasil retalie com uma sobretaxa semelhante, haveria, teoricamente, impactos sobre a inflação brasileira, já que produtos americanos ficariam até 50% mais caros.
Canais Diplomáticos Abertos e Classificação da Medida
Haddad lembrou que a Lei de Reciprocidade Econômica foi aprovada com amplo apoio no Congresso, inclusive com votos da oposição. Ele também ressaltou que os canais diplomáticos entre o Brasil e os Estados Unidos continuam abertos.
“Vamos, obviamente, ter um grupo de trabalho para analisar a Lei de Reciprocidade, que foi aprovada com larga margem pelo Congresso, inclusive com setores conservadores da sociedade que defendem a soberania nacional. Enquanto isso, os canais diplomáticos sempre estarão abertos para buscar um entendimento e a superação desse impasse”, comentou Haddad.
Assim como fez em entrevista a um podcast na manhã desta quinta-feira, o ministro voltou a classificar de “irracional” a decisão do governo do presidente Donald Trump de taxar os produtos brasileiros em 50%. “É uma tarifa que não se justifica sob nenhum ponto de vista, menos ainda do ponto de vista econômico. Os Estados Unidos tiveram um superávit junto ao Brasil, fora a América do Sul, junto ao Brasil nos últimos 15 anos, de mais de US$ 400 bilhões. Um superávit [para os Estados Unidos]. Então, quem poderia estar pensando em proteção era o Brasil. O Brasil não está pensando nisso”, afirmou Haddad.
O ministro também comentou brevemente a audiência de conciliação sobre o decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “A posição da Fazenda é que o ato [decreto que elevou alíquotas do IOF] é constitucional”, limitou-se a falar Haddad.