Diante da grave dificuldade de acesso à água potável enfrentada por comunidades ribeirinhas de Porto Velho, o Ministério Público de Rondônia (MPRO) reuniu, nesta quarta-feira (9/7), representantes de diversas instituições para alinhar estratégias conjuntas. Participaram do encontro o Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública, o Unicef, a Visão Mundial, o Instituto Água Sustentável e outras organizações que atuam na região.
O objetivo central da reunião foi evitar a sobreposição de esforços, integrar ações e fortalecer a participação das lideranças comunitárias locais no enfrentamento da crise hídrica que afeta especialmente as populações do Baixo Madeira, como as de Calama, São Carlos e Nazaré.
MPRO reforça compromisso com comunidades do Baixo Madeira
O procurador de Justiça Marcos Valério Tessila de Melo lembrou que o MPRO acompanha de perto a situação da região por meio do projeto MP Itinerante, que, em maio, realizou ações com 25 instituições parceiras nas comunidades afetadas. Ele destacou que o projeto Gotas de Esperança começou a ser articulado há dois anos e agora entra em fase de execução.
“O Baixo Madeira integra nossa área de atuação direta. Esperamos que esse projeto realmente leve gotas de esperança a comunidades que enfrentam tantas dificuldades, especialmente em relação ao acesso à água potável – problema que se agrava neste período do ano”, afirmou o procurador.
O MPRO apoiará o projeto oferecendo logística e suporte institucional dentro de suas atribuições legais.
Mudanças climáticas exigem adaptação das políticas públicas
Coordenador em exercício do Gaema, o promotor de Justiça Pablo Hernandez Viscardi ressaltou que a crise hídrica está diretamente ligada às mudanças climáticas. “Essas comunidades foram projetadas dentro de um cenário de abundância. Hoje, o cenário é de escassez. Precisamos de soluções estruturantes, com sistemas de captação e reserva que funcionem mesmo nos períodos mais críticos”, disse.
Já o promotor Shalimar Christian Priester Marques, com atuação na área ambiental, enfatizou a importância da água de qualidade para a sobrevivência e a dignidade das comunidades tradicionais.
Escuta ativa e diagnóstico nas comunidades
Como parte da construção coletiva da iniciativa, representantes das instituições parceiras visitaram comunidades como Calama e Terra Firme nos últimos dias. A escuta ativa revelou a ausência de infraestrutura mínima, como sistemas de distribuição de água e energia elétrica para o funcionamento de poços.
“Há locais onde os moradores caminham até meia hora para buscar água. E, quando o rio baixa, essa distância pode aumentar para quilômetros”, relatou Renata Cavalcanti, diretora de Operações da Visão Mundial.
Soluções sustentáveis e protagonismo comunitário
A proposta do projeto Gotas de Esperança é levar não apenas ações emergenciais, mas soluções sustentáveis como a perfuração de poços, instalação de placas solares, construção de reservatórios e capacitação de lideranças locais para a gestão da água.
“A ideia não é fazer uma ação pontual. Queremos plantar uma gota de esperança que permaneça, com as próprias comunidades assumindo o protagonismo na gestão da água”, disse Renata Cavalcanti.
Entre as ações planejadas estão:
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- Instalação de reservatórios com maior capacidade;
- Uso de energia solar para abastecimento de poços;
- Educação ambiental e formação de lideranças;
- Adequação das soluções às realidades de cada comunidade.